18/7/2006
Cachaça de qualidade agrega valor ao agronegócio

Com o Congresso, queremos movimentar todos os segmentos mostrando o potencial do negócio da cachaça, inclusive com o apoio de pesquisadores e técnicos que investem em novas tecnologias de produção. Os alambiques já percebem grandes possibilidades também no mercado externo, em função do sucesso da nossa caipirinha. Precisamos agora lutar por uma política governamental que ajude o setor a crescer aqui e lá fora", explica Murilo Albernaz, diretor executivo da FENACA.

O Brasil produz 1,3 bilhão de litros de cachaça e existem no País cerca de cinco mil marcas e 30 mil produtores, gerando aproximadamente 400 mil empregos diretos e um milhão indiretos. O faturamento do setor chega a R$ 2 bilhões, mas poderia ser maior, se houvesse maior apoio do Governo aos alambiques:

"Os produtores consideram a tributação excessiva. São pequenos empresários que investem numa bebida de qualidade, enquanto as indústrias de cachaça pagam menos tributos porque operam com produtos baratos, de qualidade inferior. Os alambiques têm que produzir com taxas de R$ 2,20 de IPI por litro, enquanto os grandes fabricantes pagam R$ 0,30. Não tem como competir. Hoje cerca de 80% da cachaça produzida no país está dentro da informalidade”, reclama Albernaz.

As estatísticas traduzem a importância do setor para o agronegócio. Os produtores brasileiros exportam 10 milhões de litros, o que representaria uma receita de US$ 10 milhões, mas isso representa menos de 1% do total produzido e ainda há muito o que fazer para multiplicar estes números. A expectativa da Fenaca é chegar a 2010 exportando 42 milhões de litros.

Nos últimos anos, a cachaça vem conquistando o mercado externo. Alemanha, Inglaterra, Portugal, Itália e EUA são os principais países importadores da bebida. Mas internamente, os produtores de alambique, que produzem cachaça de excelente qualidade - comparável aos melhores uísques - ainda enfrentam as barreiras do preconceito por grande parte do público que não sabe diferenciar a boa cachaça da aguardente comum.

“O que o País precisa é de um projeto que divulgue a qualidade do nosso produto. A cachaça tem que perder o estigma de bebida de pobre. A bebida artesanal, de paladar requintado, freqüenta hoje a mesa das classes mais altas, com espaço garantido nas delicatessens, nas gôndolas de supermercados e nas cartas dos melhores restaurantes e hotéis de luxo", enfatiza Albernaz.

Até as mulheres estão à toda com a cachaça, consumindo com gosto e sabendo apreciar o paladar. Já fundaram associações, confrarias e também comandam a produção de pelo menos quinze marcas artesanais. Uma delas, Ana Cristina Bernardes, que produz a cachaça Conceição, é a presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Alambique de São Paulo.

Um dos pontos fortes do I Congresso Brasileiro da Cachaça será o I ENCONTRO NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DA CACHAÇA. Representantes de sindicatos, cooperativas, associações e consórcios, técnicos, distribuidores e apreciadores da bebida vão analisar em profundidade os principais problemas que dificultam a produção e venda do destilado, buscando formas de articulação e soluções. A área científica do Congresso conta com a coordenação da Rede Mineira de Tecnologia da Cachaça, entidade que envolve oito universidades. Está prevista a participação de cientistas e técnicos de doze estados brasileiros.

Paralela ao Congresso, haverá a I MOSTRA NACIONAL DA CACHAÇA, a mais completa exposição de produtos, equipamentos, tecnologias e serviços da Cachaça, ocupando área nobre do Hotel Ouro Minas. São esperados cerca de dois mil visitantes por dia. O Congresso também servirá para o incremento de negócios. Produtores, distribuidores e compradores do mercado nacional e internacional estarão reunidos na RODADA DE NEGÓCIOS.

No Brasil, a produção de cachaça de alambique é liderada por engenhos de Minas Gerais, que mantêm tradição secular. Outros importantes produtores são os estados da Paraíba, Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul. A cachaça industrial tem produção concentrada em São Paulo, Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro.

A cachaça é uma bebida tipicamente brasileira e sua origem remonta aos primórdios da nossa história. Foi descoberta por acaso entre os anos de 1530 e 1550 durante a produção do açúcar e, desde então, acompanhou todas as mudanças ocorridas em cinco séculos de Brasil, “participando” da Revolução Pernambucana e da Inconfidência Mineira. A cachaça também foi escolhida para brindar a Independência do Brasil por D. Pedro I. Ao longo do século 20, importantes intelectuais como Luís Câmara Cascudo e Gilberto Freire estudaram a cachaça e sua relevância cultural, econômica e histórica para o Brasil. Durante a Semana de Arte Moderna de 1922, Mário de Andrande dedicou-se a um estudo intitulado "Os Eufemismos da Cachaça", numa tentativa de resgate da brasilidade em oposição à cultura européia dominante. E agora, no século 21, a cachaça deve ser finalmente reconhecida internacionalmente.

Númros da cachaça

Produtores: 30 mil, sendo que 90% são pequenos produtores rurais

Produção: 1,3 bilhão de litros. Do total, os produtores de cachaça de alambique são responsáveis por 400 milhões de litros; a indústria de aguardente produz 900 milhões de litros

Faturamento: R$ 2 bilhões

Empregos gerados: 400 mil postos de trabalho diretos e 1 milhão de empregos indiretos

Exportações: 13 milhões/litros

Preços das cachaças no Brasil: de R$ 3,00 a R$ 400,00

Preços no exterior: de US$ 0,60 a US$ 2/litro (fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada)


Fonte: Clube do Fazendeiro

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