29/6/2006
Renúncia de Rodrigues gera preocupação aos produtores


Corral exclama que Rodrigues poderia ser substituído até mesmo pelo ex-ministro Pratini de Moraes que não haveria qualquer mudança benéfica à agropecuária brasileira. “Só mesmo um milagre, e milagre, somente Deus. Pode vir o maior conhecedor do setor. O que tem de mudar é o governo, e isso vamos fazer em outubro próximo”. Além do nome do ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, Corral disse que pela bagagem e competência, o próprio presidente licenciado da Famato, Homero Pereira, poderia ser um excelente nome.

A preocupação pela saída do ministro foi lançada pelo presidente do Sindicato Rural de Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá), Antônio Galvan. “Que ele já deveria ter saído antes, é consenso no setor. Mas estamos em um momento em que todas as medidas de apoio entre o setor estão somente no papel. Será que ele não jogou a toalha por saber que a União não vai cumprir com o anunciado?”, questiona. Galvan lembra que há alguns meses os produtores pediram para que Rodrigues deixasse a pasta. “Ele sai em um momento errado, pois o desgaste perante o setor estava consumado, porém existe um pacote de socorro que precisa ser implementado”, alerta.

Sobre a avaliação da gestão de mais de três anos de Rodrigues, Galvan resume com as seguintes palavras: “Tem competência, conhecimento, seriedade e hombridade. Porém estava dentro de um governo que não ouve o ministro da agricultura. Estava em um governo improdutivo”.

O presidente licenciado da Famato, Homero Pereira, também revelou ontem uma certa surpresa com a notícia da renúncia, “afinal, o furacão já tinha ficado lá atrás. Não havia neste momento nenhum contencioso que pudesse justificar a saída agora”. Homero não gosta da definição, mas aponta que “infelizmente a saída de Rodrigues foi algo indiferente ao setor. Não temo pelo não cumprimento das medidas anunciadas. Foram propostas com aval da equipe econômica, principalmente do Ministério da Fazenda. Rodrigues acumulava um desgaste duplo, junto ao setor e dentro do governo. Não gosto de falar disso, mas avalio o ministro e não o produtor Roberto Rodrigues”.

O presidente do Sindicato Rural de Sinop alerta que o não cumprimento desta nova rodada do que ele chama de medidas paliativas “gerará o caos no setor”.

Avaliação - Ainda sobre as conseqüências da renúncia do ministro, Homero explica que o que tiver de acontecer à agricultura estadual vai acontecer, seja a redução, a estagnação ou a redenção. “O fato é que o ministério não teve força junto à União. O saldo da gestão de Rodrigues, infelizmente, é ruim. Pois durante os últimos três anos o ministério teve o orçamento reduzido, casos de febre aftosa ressurgiram e houve a maior crise da história do setor”, elenca.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Rui Ottoni Prado, “Roberto Rodrigues será lembrado como o ministro da crise. Teve o azar de assumir o cargo em meio a uma crise sem precedentes. Por isso e outros motivos -- a própria má vontade da União --, fez muito pouco”.

Para Paulo Resende, da Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Rodrigues deveria ter se demitido do cargo quando ele pediu recursos ao controle fitossanitário brasileiro e o ministro Palocci negou. “Em 2005 foram disponibilizados R$ 54 bilhões ao Plano Safra, neste ano anunciaram R$ 60 bilhões. Precisamos de R$ 20 bilhões a mais. Esse pacote é enganação e o ministro ocupa, neste governo, cargo figurativo”.

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Jorge Pires, reitera sua admiração pelo produtor Roberto Rodrigues, mas também engrossa o coro de que a saída é tardia. “Do jeito que as políticas agrícolas são colocadas, e com este cenário de crise, tudo se torna inacessível ao produtor. Agora, para saber se o setor ganha ou perde é preciso tempo e saber qual será o novo rumo do ministério”. (fonte: Diário de Cuiabá)


Fonte: Clube do Fazendeiro

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