8/6/2006
Citricultura: Setor movimenta 20% menos na safra 2005/06

O pior resultado, segundo pesquisadores do Cepea, está relacionado ao enfraquecimento do dólar e à queda de produção no estado de São Paulo. Apesar da forte valorização do suco no mercado internacional, esse cenário positivo ainda não chegou ao produtor paulista, que vende a maior parte de sua produção à indústria de suco.

Isso porque os contratos de fornecimento da fruta ao setor industrial – que normalmente são fixados para cada três a quatro safras – foram fechados antes dessa mudança de cenário. Hoje, a maioria dos valores recebidos pelos citricultores paulistas permanece atrelada aos contratos fechados entre maio de 2004 e junho de 2005, quando a perspectiva de excedente de oferta ameaçava a recuperação dos preços internacionais do suco.

Naquela época, início de 2004, as preocupações estavam voltadas ao excesso de oferta na Flórida – a safra 2003/2004 do estado norte-americano atingiu o recorde de 242 milhões de caixas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Além disso, o consumo seguia estabilizado na Europa e em queda nos Estados Unidos. Nesse contexto, o preço do suco concentrado e congelado caiu com força na bolsa de mercadorias de Nova York (Nybot), chegando, em maio de 2004, a US$ 805,53/t.

No entanto, a passagem de furacões pelo estado no segundo semestre de 2004 e de 2005 reduziu significativamente a produção da Flórida e agravou a disseminação do cancro cítrico nos pomares locais. Para a temporada (2005/2006), que termina neste mês, a Florida deve colher 153 milhões de caixas, de acordo com o USDA. Nesse novo panorama, em maio de 2006, o suco negociado na Nybot saltou para a média de US$ 2.222,73/t.

No Brasil, a previsão de agentes do setor é que o estado de São Paulo irá colher cerca de 340 milhões de caixas na safra 2006/2007, que começa oficialmente em julho. Apesar de o volume permanecer abaixo do potencial produtivo (360 milhões de caixas), a possibilidade de expansão do parque citrícola paulista é pequena, devido à menor rentabilidade da cultura, decorrente do enfraquecimento do dólar, substituição de alguns pomares por cana-de-açúcar e elevação dos riscos fitossanitários.

Tudo indica que essa mudança no quadro da citricultura não é passageira, e que as dificuldades enfrentadas pelos dois principais estados brasileiros produtores de laranja devem minimizar qualquer possibilidade de excesso de oferta nos próximos anos. A perspectiva é que os preços do suco no mercado internacional mantenham-se em patamares superiores à média obtida de 1995 a 2005, de US$ 1.300,00/t.

Nova safra - Para a safra 2006/07, caso não ocorra reajuste nos valores dos contratos e os preços internos da laranja mantenham-se nos níveis da temporada anterior, o valor da produção pode ter uma ligeira recuperação por conta da maior oferta, mas ainda deve permanecer muito inferior ao montante de 2004/05, em função do dólar mais fraco.

Assim, a nova temporada abre com uma contradição: por um lado, perspectivas positivas para os preços do suco, com suporte na previsão de menor oferta no Brasil e na Flórida nos próximos anos. Mas, por outro, baixa receita da produção citrícola paulista, ainda amarrada ao cenário do passado.

É justamente este ponto que leva produtores paulistas a discutir tanto a necessidade de uma renegociação dos contratos fixados em 2004 e 2005 e de um novo formato para as negociações futuras, capaz de se adaptar às mudanças dos cenários do setor.

Clube do Fazendeiro


Fonte: Olhar Direto

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