31/10/2005
Abiec: ainda é cedo para estimar perdas

Ninguém sabe qual será o real impacto nas exportações brasileiras depois que 47 países impuseram algum tipo de restrição à carne brasileira. Alguns acreditam que as vendas podem cair em pelo menos US$ 1,5 bilhão, outros mantêm o otimismo e se recusam a revisar as metas anunciadas antes da febre aftosa. O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Antonio Camardelli, prefere aguardar. Para ele, só depois de encerrado o mês de outubro será possível contabilizar as perdas e fazer projeções para os próximos meses.


Para Camardelli, o governo agiu rápido na comunicação dos focos e, por isso, vê um certo exagero na retaliação de determinados países. Ele julgou mais como política do que técnica a decisão de vários países, como a Indonésia, que proibiu a importação de carne do país todo e também de farelo de soja e máquinas. O diretor acredita que esse tipo de posição tem como objetivo se apoiar em barreiras sanitárias para proteção comercial.


Com o tempo, aposta Camardelli, o país terá argumentos suficientes para derrubar os embargos e recuperar a credibilidade do Brasil no mercado internacional. Para o MS, onde foram confirmados os 11 focos, a suspensão das exportações deve ser mais longa.


De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a média diária de embarques caiu de US$ 46,2 milhões na primeira semana de outubro, para R$ 35,4 milhões no período seguinte. Na semana passada as vendas de carne somaram US$ 32 milhões.


Segundo afirmou, não é possível estimar o prejuízo. Sem o resultado final de outubro, não dá para comparar os resultados com setembro, nem com o mesmo período do ano passado. "A perda de mercado é a conseqüência final do episódio. Acontece uma desarrumação no processo de compra e venda do produto".


Entretanto, a expectativa em geral é negativa. A indústria, por exemplo, está sendo obrigada a reprogramar suas operações e diminuir os abates, por exemplo. "É um efeito dominó e temos que ter tranqüilidade para começar a remontar as peças a partir do momento que se acalmem as notícias de aparecimento de novos focos".


O diretor-executivo da Abiec recomenda serenidade. "O momento é de reconstrução", disse. "É preciso recuperar esse abalo de crédito que o país teve como fruto do surgimento dos focos de febre aftosa".


E a recuperação da imagem é progressiva, acredita Camardelli. Ele disse que, a julgar pelo episódio do foco na Argentina, o Mato Grosso do Sul deve ficar cerca de 12 meses fora da condição de exportador para a União Européia, maior mercado da carne brasileira. "A UE deve dar ao MS o mesmo tratamento dispensado à Argentina", acredita. "Quando o assunto tiver sido encerrado, seguramente o governo brasileiro vai se achar no direito de solicitar o retorno".


O Brasil exportava para 152 países, dos quais 105 continuam comprando. "Todos os países são importantes, independente de comprar mais ou menos. O país que compra pouco às vezes leva um pedaço do boi que outros não importam".


Fonte: Gazeta Mercantil (por Dimalice Nunes), adaptado por Equipe BeefPoint

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