6/6/2006
Dia de campo sobre pinhão-manso vai reunir produtores e técnicos

O pinhão-manso, planta perene e nativa das Américas, é um ótimo produtor de óleo de excelente qualidade (38% do seu peso). É rústico e com capacidade de produção de até 8 toneladas de sementes por hectare. Levado para outros continentes é plantado comercialmente em países do Oriente Médio, África e Ásia. No Brasil seu cultivo comercial ainda foi pouco estudado, mas é bastante conhecido pela população rural do Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais e Paraguai que cultivam a planta para sombreamento e cerca-viva.

A Rural Biodiesel que está montando uma indústria para a produção de biodiesel em Ponta Porã (MS), vê no pinhão-manso uma excelente matéria prima para esta nova matriz energética. Instalou uma lavoura com 16 hectares com 10 diferentes espaçamentos e estabeleceu parceria com o Centro de Pesquisa Agropecuária Oeste da Embrapa, em Dourados (MS) e com a Fundação MS de Maracaju (MS) que acompanham cientificamente a lavoura.

Plantada em novembro do ano passado, a lavoura floresceu aos 120 dias e a primeira colheita deve ocorrer em julho. O desenvolvimento da lavoura e os primeiros dados da pesquisa serão apresentados aos agricultores e técnicos agropecuários neste primeiro dia de campo que acontece no dia 7 de junho.

O objetivo da Empresa é incentivar o plantio do pinhão-manso na região, principalmente como alternativa econômica para os municípios da fronteira com o Paraguai que enfrentam uma das maiores crises econômicas com sucessivas frustrações nas safras de soja e febre aftosa na pecuária bovina.

“O pinhão-manso poderá trazer geração de emprego e renda tanto para os brasileiros como para os paraguaios da faixa de fronteira. É perene, tem baixo custo de produção, alta produtividade e um mercado garantido. Produz um dos melhores óleos para a produção de biodiesel, matriz energética que vai crescer muito no Brasil e é procurado por todos os países do mundo para substituir o petróleo”, diz Mauricio Möller, diretor técnico da Rural Biodiesel S/A.

A indústria da Rural Biodiesel em Ponta Porã, vai produzir 100 milhões de litros de biodiesel por ano, utilizando óleos vegetais de soja e outras oleaginosas. A empresa está fazendo parcerias com prefeituras da região para incentivar o plantio de outras oleaginosas, como girassol, nabo, mamona, crambe e principalmente de pinhão-manso.

“Com o dia de campo pretendemos mostrar aos produtores e técnicos rurais da região que o pinhão-manso para a produção de biodiesel é uma grande alternativa para o Mato Grosso do Sul que está com a sua economia abalada, principalmente no cone sul do Estado. O clima tem inviabilizado o plantio de soja e a febre aftosa trouxe muitos prejuízos e inviabiliza a atividade, principalmente nos municípios da faixa de fronteira”, informa Ilton Vicentini, diretor operacional da Rural Biodiesel.

Ele cita a situação dos 11 municípios da faixa de fronteira do cone-sul do Estado, Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Ponta Porá, Antônio João, Bela Vista, Caracol e Porto Murtinho que ocupam uma área total de 37.755 quilômetros quadrados, com população de 179 mil habitantes e produto interno bruto (PIB) de menos de 1 bilhão de reais anual. Ele afirma que esses municípios podem aumentar em muito esta receita com a produção de culturas alternativas para a produção de biodiesel, principalmente do pinhão-manso.

“Essa faixa de fronteira está numa situação econômica muito desfavorável para os proprietários rurais, incluindo os assentados, comerciantes e toda a população. Podemos ver o abandono das terras e o êxodo da população, principalmente dos pequenos produtores. Pretendemos incentivar esta nova fonte de renda que é pinhão-manso, com garantia de preço e compra da produção”, garante Vicentini.

A programação do 1º Dia de Campo Sobre a Cultura do Pinhão-manso, começa às nove horas da manhã na sede da Fazenda Laguna, no quilômetro 58 da Rodovia Br 163 que liga Eldorado a Itaquiraí, entrando à direita e seguindo por mais 7 quilômetros pela estrada sem pavimentação até a entrada da Fazenda.

O evento começa com a apresentação da empresa Rural Biodiesel S/A e suas propostas. Em seguida serão ministradas palestras sobre pinhão-manso e produção de biodiesel; Renato Roscoe, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, falará sobre os primeiros resultados da lavoura experimental de pinhão-manso implantada na Fazenda Laguna; Pesquisadores da Fundação MS explanam sobre a participação da entidade no desenvolvimento de culturas para o biodiesel. Após as palestras os visitantes vão conhecer a lavoura experimental de pinhão-manso, onde poderão ver os primeiros resultados de implantação e produção. O almoço aos participantes será servido na própria Fazenda.



Fonte: Olhar Direto

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