20/3/2014
Brasil erra e dificulta abertura do mercado dos EUA

A tão sonhada abertura do mercado americano para a carne bovina in natura do Brasil enfrenta dificuldades extras provocadas por erros de ação do próprio Ministério da Agricultura. Além da já conhecida oposição de
muitos congressistas americanos à ideia, o governo brasileiro perdeu o prazo para entregar um plano de ação para explicar como vai segregar o gado que eventualmente utilize medicamentos não aprovados pelos americanos e evitar que sua carne seja exportada.
Durante a gestão de Ênio Marques à frente da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), foram realizadas várias teleconferências entre o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) e seu equivalente americano, o Serviço de Inspeção e Segurança de Alimentos (FSIS), para discutir as ações finais para a efetiva abertura do mercado americano à carne in natura.
O Dipoa se comprometeu a corrigir falhas no processo de controle de inspeção e enviou ao FSIS um plano de ação que envolvia a participação de vários departamentos da SDA. Nesse processo, uma das preocupações envolvia o antiparasitário ivermectina, proibido nos EUA e em animais confinados no Brasil, mas ainda à venda no mercado brasileiro.
Fontes do setor dizem que, com a saída de Marques, o plano foi descontinuado e que traços de ivermectina voltaram a ser identificados pelos americanos em carne de bovinos abatidos no Brasil. Devido a esse problema, os EUA não estão mais aceitando indicações de novos estabelecimentos brasileiros interessados em exportar carne in natura.
O prazo para a apresentação do plano de ação, 7 de março, não foi cumprido. O Dipoa deveria ter apresentado as medidas corretivas prometidas no plano e correções de inconformidades detectadas em missão do FSIS ao Brasil em 2013. "A SDA não enviou as evidências de cumprimento dos compromissos assumidos com o FSIS para o controle dos níveis residuais de ivermectina", disse outra fonte.
O atraso na entrega do plano de ação, porém, não preocupa o Ministério da Agricultura. "Atrasos nesse tipo de processo são normais. Além disso, fomos autorizados a alongar o prazo para preparar o documento com todos os detalhes pedidos", disse uma fonte da Pasta. "Não será por isso que o pedido será rejeitado", afirmou.
Nos EUA, a consulta pública para permitir a importação de carne in natura produzida em 14 Estados do Brasil foi prorrogada até 22 de abril. A maioria esmagadora dos 623 comentários disponíveis no site do governo americano onde a consulta pública está em debate é desfavorável à abertura, pelo temor com doenças ou reflexos adversos na economia e nos empregos do país.


Fonte: informações do Valor

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