21/6/2013
Quatro anos depois, Arantes pode ir à falência

O tumultuado processo de recuperação judicial do frigorífico Arantes pode ter um desfecho depois de mais de quatro anos. Uma decisão da 8ª Vara Cível de São José do Rio Preto (SP) definiu que a empresa tem até o fim deste mês para informar como conseguirá os recursos para quitar os credores trabalhistas. Caso não obtenha uma resposta, a Justiça decretará a falência da Arantes.
Não bastassem as dificuldades para cumprir o plano de recuperação judicial cuja dívida soma cerca de R$ 1,5 bilhão, a Arantes convive com uma disputa entre os sócios, os irmãos Aderbal e Danilo Arantes, este último destituído pela Justiça da gestão da empresa desde setembro de 2010.
"Existe um litígio entre os sócios, mas o fato é que a preocupação do sócio [Danilo Arantes] é que efetivamente haja uma decretação de falência sem que ele possa ajudar a companhia. Nada melhor do que um sócio que conhece o negócio", afirmou o advogado Sergio Emerenciano, que representa Danilo Arantes.
Em janeiro deste ano, o advogado requereu à 8ª Vara de São José do Rio Preto o retorno de Danilo "aos atos de gestão e administração" da Arantes. Emerenciano não obteve uma resposta para o pedido até agora.
Um dos principais pontos da discórdia remonta à própria decisão judicial que afastou Danilo Arantes do dia a dia da empresa. Na ocasião, o irmão Aderbal também foi destituído. O afastamento dos dois sócios se deu a pedido do administrador judicial, por não informarem os balancetes mensais conforme determina o plano de recuperação judicial.
Acontece que, em outubro de 2010, Aderbal Arantes voltou à gestão da empresa como presidente de um comitê de gestão formado por três pessoas, coma a aprovação da assembleia de credores. "É bem complicado, um negócio bastante inusitado", afirma Emerenciano.
À época, Danilo questionou a decisão, mas o juiz Paulo Roberto Zaidan Maluf, da 8ª Vara de São José do Rio Preto alegou que a "decisão da assembleia geral de credores é soberana" e que o fato de um sócio ter sido afastado por ele "não impede que, agora, assuma a presidência do referido comitê".
Com a possibilidade de falência da Arantes, Emerenciano questiona se o comitê teria legitimidade para tocar a gestão da companhia. "Ao que parece, os gestores passaram mais de dois anos no comando e não conseguem cumprir o plano".
Quando entrou com pedido de recuperação judicial, em janeiro de 2009, a Arantes alegou ter sido uma das vítimas da crise econômica mundial detonada com a quebra do banco americano Lehman Brothers, em setembro de 2008. A crise provocou uma forte valorização do dólar, pegando a Arantes no contrapé. O frigorífico teve um prejuízo com derivativos cambiais estimado entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões.
Mas a perdas financeira não foi o único problema. A empresa havia sido bastante agressiva nos anos anteriores à crise, investido mais de R$ 400 milhões na aquisição de Frigo Eder, indústria de embutidos paulista, da marca e da unidade da Hans em Jundiaí (SP) e da Frango Sertanejo. Bastante alavancada, a Arantes também sofreu com a crise do setor de carne bovina no Brasil. Com excesso de capacidade, restrição de oferta de gado e queda na demanda mundial, muitos frigoríficos do país quebraram, deflagrando um processo de consolidação do setor.



Fonte: informações do Valor

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