21/5/2013
Chamada para expulsar índios, PF prende produtor

Centenas de índios da etnia terena resistiram na tarde do último sábado (18) a uma liminar da Justiça Federal em Mato Grosso do Sul e não saíram da fazenda que ocupam em Sidrolândia.
À noite, cerca de 500 indígenas continuavam acampados na fazenda Buriti que um grupo menor invadiu na última quarta-feira (15), no município localizado a 73,3 quilômetros da capital.
Neste sábado eles passaram a ocupar a sede da fazenda.
Os donos da área se recusaram a deixar o local e receberam voz de prisão para liberar a área e não aumentar ainda mais a tensão.
"Me socaram dentro de um carro. Fomos expulsos da nossa casa como se nós fôssemos os bandidos", disse à Folha, por telefone, o ex-deputado estadual Ricardo Bacha (PSDB-MS), 64.
Ele, a mulher, um casal de cunhados, dois funcionários e as crianças deles foram retirados da propriedade no fim da tarde.
Tensão
Bacha diz que os índios invadiram a propriedade atirando. "Corremos para dentro da nossa casa para nos proteger. Eles quebraram janelas, jogaram bombas e cortaram a energia", afirmou o ex-deputado.
De acordo com ele, os indígenas agem sob orientação do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), entidade ligada à Igreja Católica.
O conselho disse que os seguranças do fazendeiro também atiraram, mas ninguém ficou ferido. O Cimi negou que houve depredação da fazenda e afirmou que os indígenas vistoriaram o imóvel junto com a Polícia Federal para evitar acusações de dano à casa.
O coordenador do Cimi em Mato Grosso do Sul, Flávio Vicente Machado, negou que a entidade esteja manipulando os índios. "Isso é uma tentativa de desqualificar a luta dos povos indígenas. Eles [ruralistas] sabem que isso não é verdade", afirmou.
O Cimi disse ainda que a Polícia Federal confiscou o equipamento de seu assessor de imprensa, que acompanhava a ação. A reportagem não conseguiu contatar a PF.
Propriedade
O ex-deputado diz que a fazenda pertence à família dele desde 1927 e que já foi invadida em 2003. Bacha afirma ainda que tem duas decisões da Justiça Federal favoráveis a ele.
Já a Funai (Fundação Nacional do Índio) diz que a fazenda Buriti está em área declarada como de posse permanente dos índios terena.
Segundo a Famasul, federação que representa os ruralistas em MS, em todo o Estado há ao menos 57 fazendas invadidas por índios.
Na semana passada, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, criticou a Funai por falhas no processo de demarcação de terras indígenas e disse que o governo prepara um novo modelo, em que outros órgãos do governo seriam ouvidos.
"O fato é que há um vácuo de autoridade na questão indígena no país", disse Bacha.


Fonte: Folha.com

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