16/8/2012
Estação de nascimento de bezerros requer cuidados com o manejo

Fruto da estação de monta, o período de nascimento dos bezerros de um rebanho requer bastante atenção em relação ao manejo dispensado aos novos animais. Tanto o nascimento quanto a desmama são situações críticas em razão do estresse causado nos animais, por isso, é fundamental o uso dos conceitos do manejo racional e produtivo.

Uma das práticas que deve ser realizada nesse período, mas que demanda bastante cuidado é a cura do umbigo, obrigatória para prevenir doenças que podem acometer os animais recém-nascidos. O manejo adequado para essa prática é muito importante tanto para o bezerro quanto para a vaca, especialmente as primíparas, para evitar o abandono da cria.

“Para fazer a cura, não bastam cuidados sanitários. O manejo requer tratos específicos, já que este é o primeiro contato do animal com o homem. A cura do umbigo exige planejamento e mão de obra capacitada, pois o manejo adotado ajudará na formação do temperamento do animal. Por isso, não se deve arrastar o bezerro na ponta da corda, e muito menos agredir a mãe ou o filho para realizar o manejo”, explica o médico veterinário Renato dos Santos, responsável pela área de Manejo Racional da Beckhauser.

“O primeiro passo para o manejo é fazer uma maternidade onde seja possível trabalhar mesmo com vacas reativas. Bastante comum e funcional, a construção de um pequeno piquete de arame dentro da maternidade pode ser feita aproveitando um dos cantos da cerca, de forma que o lote entre por uma porteira e as vacas saiam por outras duas. As vacas não paridas retornam ao pasto original, e as paridas, ao pasto vizinho”, descreve o veterinário.

Uma dica dada pelo veterinário é antes do lote começar a parição, os peões podem ensinar as vacas a passar pela remanga, criando o hábito que facilitará bastante a passagem quando iniciar a parição. “As vacas entram por uma porteira mais larga e saem pelas porteiras estreitas, habituando-se à remanga de passagem”, completa Renato.

Ele explica que as cercas do piquete podem ser construídas com 10 fios de arame distribuídos, na sua maioria, abaixo dos 70 cm, para evitar a fuga dos bezerros. “Os bezerros nascidos pela manhã só devem passar pelo manejo de cura à tarde, e vice-versa. O intervalo é importante para o relacionamento entre mãe e filho, diminuindo o risco de abandono, melhorado pela possibilidade de uma ótima mamada do colostro”, ressalta o especialista da Beckhauser.

Como o manejo precisa ser feito sem agressividade – o que influencia o temperamento do animal e, consequentemente, a qualidade da carne que será produzida –, a corda só deve ser usada para aproximação, sem arrastar o bezerro.

“Na cura, o correto é mergulhar o umbigo no produto. O corte do umbigo poderá ser feito se este for muito longo, acima de 20 cm, sendo importante amarrar. Para completar o manejo, no mesmo dia, as fazendas integradas ao Eras (Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov) devem fazer o furo de 0,5mm na orelha, com a ferramenta adequada, onde será colocado o brinco na desmama. Deve-se aplicar um endectocida, prevenindo a incidência de miíase (bicheira). Essa aplicação deve ser na tábua do pescoço (preferencialmente via subcutânea), evitando lesões em áreas nobres de carne”, afirma o veterinário.

Vale lembrar que segundo o Etco (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal, da Unesp de Jaboticabal, SP), procedimentos para identificação, cura do umbigo, aplicação de vermífugo e pesagem dos bezerros devem ser feitos no dia seguinte ao parto para não interferir na formação do vínculo mãe e filho. Quando esses manejos são realizados no dia do nascimento aumentam os riscos de rejeição materna e da vaca pisotear o bezerro. Por outro lado, se os procedimentos ocorrerem mais tarde, a partir do terceiro dia de vida do bezerro, será mais difícil contê-lo, pois nessa idade já é bastante ágil e há maior risco da ocorrência de bicheiras no umbigo.

Fonte: Cultivar

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