5/4/2006
Produtor teve seu pior ano com a ferrugem asiática da soja


A situação mais crítica ocorreu nos estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. O aparecimento precoce da ferrugem na safra atingiu lavouras ainda no estádio vegetativo, aumentando tanto o custo de produção em função do aumento no número de operações para controle, como a pressão do fungo em áreas vizinhas. Há relatos de produtores que necessitaram de cinco aplicações para o controle da doença. Esses estados têm ainda um agravante: além das condições climáticas serem extremamente favoráveis ao desenvolvimento da ferrugem, o cultivo da soja na entressafra, irrigada por pivôs, proporciona o efeito chamado de ponte-verde, que faz com que o fungo continue se multiplicando num período em poderia estar diminuindo naturalmente.

Para o pesquisador da Embrapa Soja, Paulino José Melo Andrade, que atua na região nordeste de Mato Grosso do Sul, dois fatores podem ter ajudado a agravar os prejuízos causados pela ferrugem. “As condições climáticas estavam favoráveis, mas muitos agricultores falharam no controle por utilizarem aplicações calendarizadas, em R2 (floração), com nova aplicação 20 dias depois. Em muitas dessas propriedades, a primeira aplicação acabou ocorrendo tarde demais”, avalia.

O outro fator é a redução da vazão dos pulverizadores terrestres. “Tivemos agricultores utilizando até 30 litros, quando o normal é de 150 a 200 litros de calda por hectare”, explica Paulino. Resistência aos produtos – Durante a safra, surgiram especulações de que poderia estar ocorrendo processo de seleção para resistência da ferrugem aos fungicidas, no entanto, ainda não houve comprovação para essa suposição. “Na maioria das vezes, o insucesso está relacionado ao momento inicial de controle. Percebemos que, em muitas vezes, o agricultor ainda se confunde e o controle é iniciado quando os sintomas estão em um nível mais avançado”, explica José Nunes Júnior, fitopatologista de uma das entidades que integram o Programa Estadual de Manejo e Controle de Pragas da Soja – Soja Protegida. “A falta de domínio das tecnologias de aplicação de defensivos agrícolas, a prática recorrente de uso de misturas de produtos ou doses abaixo da recomendada pelo fabricante também foram práticas recorrentes nessa safra e deixaram prejuízo no bolso do produtor”, avalia Claudine Santos Seixas, pesquisadora da Embrapa Soja.

A ferrugem já causou prejuízos estimados de U$ 5 bilhões, desde 2002, considerando os custos da soja, da operação de aplicação e dos produtos, além da perda de arrecadação em função da quebra de produtividade. (fonte: Assessoria de Imprensa – Embrapa Soja)


Fonte: Clube do Fazendeiro

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