11/6/2012
Abate humanitário em foco

No dia 1º de janeiro de 2013, a União Europeia lançará novo regulamento para a importação de carne bovina brasileira. O foco principal, agora, é o bem-estar do animal durante o processo do abate nos frigoríficos. A nova lei exigirá que cada empresa tenha um veterinário responsável que garanta a qualidade de vida dos bovinos mesmo a poucos momentos de serem abatidos. Esses cuidados influenciam no sabor da carne, na comercialização e também no lucro do criador. "Se o animal estiver muito estressado, o PH da carne se eleva diminuindo os dias de conservação nas prateleiras e podem ser destinadas aos alimentos embutidos", explica o médico veterinário Douglas Andreolla.

A retirada do animal do pasto até a viagem aos abatedouros deve ser realizada com cuidado para evitar hematomas no rebanho. As contusões são identificadas em três graus: o que afeta apenas a gordura, que fere a carne e o que atinge o osso. "No último caso, se a carcaça tiver essa lesão, o frigorífico retira a parte danificada da carne, que dá uma quebra ao produtor", comenta. Segundo Andreolla, os hematomas mais frequentes são os de primeiro e segundo grau. Já existem regras no Brasil que exigem o abate de forma humanitária. Atualmente, ainda não existe nenhum selo ou protocolo que identifica esse tipo de tratamento.

"O que existe é os selos de identificam o bem estar dos animais durante a produção e não no período de pré-abate", destaca o médico veterinário. Frigoríficos brasileiros estão cientes da nova norma e buscam a adequação. O entrevistado enfatiza ainda que a capacitação da mão-de-obra é essencial para o avanço do abate humanitário no estado, abrangendo empresários, criadores e até os motoristas que fazem o transporte dos bovinos.

Os animais não devem ser tratados com crueldade, não podem ser estressados desnecessariamente, a sangria precisa ser a mais rápida e completa possível, as contusões na carcaça devem ser mínimas, e o método de abate deve ser higiênico, econômico e seguro para os operadores. Esses são alguns dos conceitos do abate humanitário.

Mato Grosso possui frigoríficos desde os anos 70, mas essa nova prática de abate é aplicada desde o início dos anos 2000. "É algo recente comparado com a cultura do consumo de carne bovina provinda de abatedouros", diz o médico veterinário Welito Lacerda. Com a responsabilidade de difundir o abate humanitário, o setor de Desenvolvimento Econômico da Associação Mato-grossense dos Municípios, AMM, pretende criar frigoríficos de baixa produção, que gera emprego e renda, assegura a qualidade do produto a ser consumido e se torna uma opção de mercado para o produtor.

REGULAMENTO

O Regulamento da Comunidade Europeia N° 1099/2009, torna obrigatória para o pessoal encarregado de manipular e abater animais a posse de um certificado de aptidão, que garante conhecimentos sobre o bem estar animal e o método de insensibilização. "Além disso, deverá ser nomeado um colaborador responsável em cada frigorífico. Os frigoríficos que pretendem manter seus compradores com tais exigências, terão que investir em treinamento de pessoal", conclui Douglas Andreolla.


Fonte: Boi Pesado

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