18/5/2012
Carta de Campo Grande acusa frigoríficos de monopólio

Fazendeiros acusam JBS de usar recursos públicos para monopolizar mercado de carne no Brasil.

Enquanto o Grupo JBS não se manifesta, os fazendeiros acusam o frigorífico de usar recursos públicos para monopolizar o mercado de carnes no país. Em Campo Grande (MS), reunião promovida pela Asssociação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), redigiu manifesto assinado por oito entidades do setor, no qual diz que a JBS emprega recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), “para arrendar frigoríficos, que em seguida seriam fechados, causando desemprego, e para interferir no mercado regulando preços de compra desses insumos.” Havia 1.500 pecuaristas na reunião.

Segundo Francisco Maia, presidente da Acrissul, já foram identificados casos de demissões e fechamentos de frigoríficos em Mato Grosso, Rondônia, Goiás, Acre, Mato Grosso do Sul e Pará. Maia prometeu fazer um levantamento completo dos dados e apresentar às autoridades para que sejam tomadas providências. O dirigente é incisivo: “essas empresas têm plantas ociosas, trabalhando com 40% a 50% da sua capacidade e mesmo assim compram outros frigoríficos.” Diz ainda que a ação irá afetar o preço da carne no varejo, com aumento de preços ao consumidor.

Para pontuar o que o setor pretende fazer, a carta fixa as principais diretrizes para frear a liberação de recursos públicos, através do BNDES, para capitalizar grupos frigoríficos “viabilizando seu crescimento e forte inserção em mercados estrangeiros”. Leia: “A concentração, alavancada com recursos públicos, afeta a rentabilidade do negócio pecuário e, consequentemente, dificulta a sustentabilidade do setor, baseada no tripé: ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável”.

"A chamada Carta de Campo Grande será entregue à Frente Parlamentar da Agropecuária da Câmara Federal e do Senado para que o assunto seja levado ao governo federal”, anunciou o presidente da Acrissul. Os senadores Delcídio do Amaral e Waldemir Moka de Mato Grosso do Sul, disseram durante o evento, que uma audiência pública está sendo preparada pelas comissões econômica e da agricultura das duas casas (Senado e Câmara Federal) com a presença dos grandes frigoríficos, como o JBS e o Marfrig, o CADE, o BNDES, e outros, para discutir a "liberação de recursos públicos para grandes empresas, que muitas vezes compram as unidades e as mantêm fechadas."

Durante a ExpoZebu de Uberaba, feira que reúne os maiores fazendeiros do país, o assunto era um só: concentração de frigoríficos e aviltamento da concorrência do mercado.

Fonte: Globo Rural

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