31/3/2006 Produtores e CNA discutem emissão de títulos para quitação de dívidas
"É uma medida vital para garantir a sobrevivência do setor", avalia o presidente da Famato, Homero Pereira. Em Mato Grosso, já houve uma redução de cerca de 10% na área plantada para a safra deste ano na comparação com o ano passado.
Para o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, o descasamento entre o custo de produção e o de mercado geraram essa grave crise que já resultou, somente no ano passado, uma perda de renda da ordem de R$ 16,6 bilhões. "Sem renda, os produtores não compram insumos, não investem em tecnologia, gerando efeitos negativos para toda a cadeia do agronegócio. A crise já mostra que não é episódica, mas apresenta componentes estruturais", avalia.
Durante a reunião, realizada na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), representantes das federações e da Aprosoja discutiram a formatação desse papel, que possibilitaria transformar a dívida do produtor com o credor privado em títulos mobiliários. O título, a ser negociado no mercado, teria como garantidores o produtor e o credor que contariam, ainda, com o aval do Tesouro Nacional. Na proposta inicial, que está sendo desenhada por uma empresa de consultoria, o título deverá ter um prazo de resgate superior a 10 anos, proporcionando rendimento ao comprador e alongamento da dívida do produtor, sem necessidade de aporte de recursos por parte do Tesouro Nacional.
O montante global das dívidas rurais, incluindo setor privado e público, está estimado hoje em mais de R$ 13 bilhões. Desse total, R$ 6 bilhões são resultado da inadimplência da securitização; R$ 1,4 bilhão do Plano Especial de Saneamento de Ativos (Pesa); R$ 2,8 bilhões dos fundos constitucionais e, ainda, R$ 291 milhões referentes a débitos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). No setor privado, grande parte da dívida se refere à inadimplência com fornecedores de defensivos agrícolas, adubos e sementes.
Para o presidente da Famato, o agravamento da crise do setor agrícola é devido à política macroeconômica do Governo Federal, que pratica as mais altas taxas de juros do mercado mundial, o que provocou a supervalorização do real frente ao dólar, prejudicando a competitividade do setor produtivo brasileiro. (fonte: Departamento de Comunicação - CNA)
Fonte: Clube do Fazendeiro
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