10/1/2012
Mapa padroniza uso de antiparasitários em confinamentos

Pecuarista será responsabilizado por excesso de vermífugo no corte comercializado.

O governo brasileiro proibiu o uso de produtos antiparasitários com avermectinas com prazo de carência acima de 28 dias na carne bovina brasileira. Conforme a Instrução Normativa 48, de 29 de dezembro, a restrição vale para o bovino de corte criado em regime de confinamento e semiconfinamento e também para os animais criados em sistema de produção a pasto e que estejam em fase de terminação.

A decisão foi vista como positiva pelo setor, embora ainda seja considerada insuficiente. Segundo Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), com a nova regra, o pecuarista será responsável pela utilização do medicamento no bovino. “Os cortes passarão por fiscalização nos frigoríficos e o pecuarista que não atender à normativa será penalizado”, alerta.

De acordo com Sampaio, a medida ajuda a minimizar os riscos na comercialização dos produtos industrializados. “O governo também está trabalhando em outras demandas do setor para garantir o controle de resíduos na carne bovina, como a revisão dos produtos registrados pela indústria veterinária para comprovar o prazo de carência dos medicamentos", diz.

A aplicação de produtos de longa ação em animais de confinamento pode fazer com que o produto registre níveis acima do permitido de antiparasitários em amostras. Esse tipo de caso levou as autoridades sanitárias dos Estados Unidos a devolver lotes da carne processada pela JBS em 2010 e o mercado norte-americano manteve-se fechado à carne industrializada brasileira por sete meses. Em 2011, um outro lote da multinacional brasileira foi devolvido pelo mesmo motivo.

Dados da Abiec mostram que em 2011 o setor aplicou mais de R$ 12 milhões em visitas a fazendas, análise de animais vivos e na carne processada para estabelecer um controle dos resíduos. Segundo a Abiec, no ano passado, o Brasil perdeu US$ 104 milhões em exportação por causa dos níveis elevados de ivermectina, principal antipasitário utilizado no rebanho nacional.

Para Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte (FNPPC) “restringir o uso não muda nada, é preciso investir em educação sanitária”. Segundo ele, desde que os antiparasitáros foram colocados no mercado nunca houve a preocupação em orientar o produtor sobre o uso correto.

“O pecuarista sempre foi induzido a comprar os medicamentos com ação de longo prazo, que são mais caros. Se o criador conhecesse melhor o produto, logo perceberia que estava jogando dinheiro fora”, argumenta.



Fonte: Portal DBO

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