1/11/2011
Vacinação contra a aftosa começa nesta terça em 19 Estados brasileiros

Ministério da Agricultura acredita que a segunda etapa da campanha vai garantir a proteção de mais de 160 milhões de bovinos e bubalinos

Começa nesta terça, dia 1 º, a segunda etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa em 19 Estados brasileiros. Roraima, Rondônia e Amapá já começaram a imunização de seus rebanhos em outubro e Pernambuco, Piauí, Maranhão e Pará, com alterações no calendário de vacinação, aplicarão as doses a partir do próximo dia 14. Segundo o Ministério da Agricultura, isso deve garantir a proteção de mais de 160 milhões de bovinos e bubalinos.

Enquanto a maioria dos Estados vacinará os animais de todas as idades, a Bahia, Goiás, Minas Gerais, o Rio Grande do Sul, Tocantins e o Distrito Federal devem imunizar apenas os animais com menos de 24 meses de vida.

Santa Catarina não participa da campanha porque é o único Estado brasileiro reconhecido como zona livre de aftosa sem necessidade de vacinação. O rebanho da área livre de aftosa com vacinação, de acordo com o ministério, é formado aproximadamente por 205 milhões de animais, e 97,4% deles foram vacinados em 2010, índice que a pasta pretende ver superado este ano.

Em Mato Grosso, o Instituto de Defesa Sanitária Animal (Indea) prevê a confirmação de um possível crescimento do rebanho no Estado, que hoje é de 29 milhões. O Indea acredita que ao final da vacinação, com a contagem oficial, o rebanho possa chegar a 30 milhões.

Nessa etapa da campanha, os pecuaristas de Mato Grosso reclamam do aumento nos custos da vacinação, isso porque o preço da vacina sofreu reajuste de mais de 25% em relação ao mesmo período de 2010. Com isso, os produtores do Estado terão que gastar aproximadamente R$ 44,3 milhões para garantir a imunização do rebanho.

– Ano a ano a vacinação fica mais cara. Neste último ano, a arroba do boi teve um aumento de quase 5% e o preço da vacina subiu 25%. É uma disparidade muito grande, não existe explicação técnica para isso. O que existe é uma estratégia comercial dos laboratórios aproveitarem essa campanha, na qual todos devem vacinar o rebanho, para cobrarem o preço que quiserem – diz Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

No Paraná, a expectativa é que seja vacinado 100% do rebanho de bovinos e bubalinos, cerca de 9,5 milhões de animais. Devido ao foco de aftosa no Paraguai, foram reforçadas barreiras sanitárias em regiões de fronteira. Em alguns desses locais, a imunização será feita por vacinadores habilitados pela Secretaria da Agricultura. No Rio Grande do Sul, devem ser imunizadas cerca de quatro milhões de cabeças de bovinos e bubalinos com idade até dois anos.

A indústria da carne também está engajada nessa campanha. A coordenadora de qualidade do Grupo JBS, Dory Barninka, diz que a preocupação não é só com a qualidade da carne, mas também com os embargos internacionais que podem acontecer.

– Já ocorrem alguns embargos por resíduos veterinários, e a gente sabe que, nessa época de vacinação, como tem a contenção de animais, o pecuarista aproveita para aplicar outros medicamentos também. Então, por um lado, estamos cobrindo a aftosa, mas ao mesmo tempo, temos que tomar cuidado para não descuidar em outros sentidos – diz Dory.

Segundo a coordenadora, nessa época do ano existe um trabalho mais intenso com os pecuaristas, feito não só pelo Grupo JBS, mas também por outros frigoríficos do Brasil.

– Tentamos intensificar as visitas aos pecuaristas e reforçamos muito essa questão do cumprimento do período de carência, seja lá qual for o medicamento, e o uso racional dos medicamentos – observa.

O presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Tirso Salles Meireles, acredita que o pecuarista brasileiro está ciente de que o rebanho precisa de vacinação, mas, juntamente com o governo, precisa ser mais determinado para conseguir exportar para outros países.

– Nosso pecuarista sabe que precisa fazer a vacinação. Acredito que nós vamos ter um índice de vacinação importante para o país, porque nós já estamos procurando um status diferente, livre de aftosa. O Ministério da Agricultura está trabalhando eficazmente as Secretarias da Agricultura dos Estados, assim como o CNPC, que está dividido em cinco partes no Brasil, onde faz um trabalho junto com as federações de Agricultura, e as federações fazem um trabalho com as Secretarias – diz.

Segundo Meireles, 'estão todos preocupados para que possamos diminuir qualquer tipo de ação da febre aftosa, e diminuir os resíduos veterinários nos animais, para que possamos evitar os embargos'.

– Precisamos de determinação. Como o Uruguai consegue exportar carne para os Estados Unidos se tem o mesmo status do Brasil e do Rio Grande do Sul, e o RS não consegue vender para os Estados Unidos? Precisamos ser mais enfáticos, tivemos um aumento da vacina do ano passado para cá, o pecuarista está bancando esse aumento, e nós não podemos deixar de não cumprir com as nossas necessidades, mas o governo tem que cumprir com as dele – declara.

O Ministério da Agricultura informa que a meta do governo é tornar todo o território nacional livre de aftosa com vacinação até 2013. A última data estipulada, ainda no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, era o fim de 2010, mas a fragilidade do controle de vacinação nos países vizinhos e, recentemente, a detecção de um foco da doença no interior do Paraguai, em setembro, levaram o cronograma a ser redefinido.



Fonte: Portal Ruralbr

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