28/9/2011
Consumo de carne não fiscalizada é risco para a saúde

A exposição de carne, seja ela, bovina, suína, caprina ou de ovinos, em temperatura ambiente favorece a multiplicação de bactérias e pode gerar vários surtos alimentares, alerta a vice-presidente da Sociedade Endocrinologia e Metabologia do Rio Grande do Norte, Neidmar da Mata. A médica alertou para a contaminação de alimentos, em especial, por falta de higiene.

"Na carne bovina, o homem pode ser contaminado por vários tipo de bactérias, mas as mais comuns são os coliformes, por conta de problemas de higiene e manuseio inadequado", afirmou a endocrinologista. Nas feiras livres é comum encontrar locais em que a carne está exposta, sem o menor cuidado e sobre superfícies não higienizadas.

"Se a carne não for cozida, assada ou frita adequadamente, provavelmente haverá a transmissão da doença", citou a médica. Entre as verminoses, a médica apontou a cisticercose [bovina ou suína], doença que instalada no homem pode comprometer o sistema nervoso central.

Ela explica que, no animal a cisticercose está parcialmente desenvolvida, em forma larvária, mas quando entra em contato com o ser humano essas larvas completam seu ciclo, formando um parasita (solitária) que pode gerar um quadro que, se não cuidado à tempo, pode ser grave. A endocrinologista citou ainda as doenças provocadas por bactérias de via respiratória, como a que transmite a Tuberculose.

"Se o indivíduo tiver com defesas baixas e consumidor uma carne contaminada, vai desenvolver a doença. Depende do seu grau de resistência". A tuberculose e a brucelose bovina são doenças que condenam o animal na hora do abate, pelo menos nos abatedouros oficiais. Dentre os alimentos que mais causam problemas por intoxicação e infecção alimentar está a carne de boi, a carne de frango, ovos e o leite.

"Quando a carne tem procedência clandestina fica difícil saber se houve algum controle", alerta a chefe do Núcleo de Controle de Alimentos da Covisa Municipal, Gláucia Nunes. Ela orienta o consumidor a evitar a compra da carne em feiras livres, enquanto as condições de acondicionamento não forem adequadas.

"Quando a carne fica exposta em temperatura ambiente ocorre uma multiplicação excessiva de bactérias, que se ingeridas podem provocar surtos alimentares graves". Para evitar disseminação de bactérias, todos os produtos de origem animal devem ser mantidos sob refrigeração ou congelamento. "É assim que o consumidor deve comprá-los", alertou Gláucia Nunes. Isso vale para o peixe, frango, carne, carne de porco, linguiça, queijo e até a carne de sol., que mesmo salgada precisa ficar sob refrigeração.

Gláucia Nunes explica que os surtos alimentares podem ocorrer se a carne não for cozida, assada ou frita adequadamente. "Uma carne exposta de forma inadequada chega para o consumidor com uma carga bacteriana muito grande. Então, se não houver o cuidado no cozimento, a pessoa vai ingerir um alimento contaminado".

Quando a origem é desconhecida, o risco é ainda maior. "Tem o risco das zoonoses, como a brucelose, cisticercose, tuberculose, doenças que passam do animal para o homem", disse Gláucia Nunes. Daí a importância de a carne ser fiscalizada, em sua origem, e na comercialização, manuseio e acondicionamento, no cuidado para a saúde do consumidor. "Ao comprar uma carne de origem e que esteja sob refrigeração adequada, o consumidor vai se proteger".


RN terá 26 unidades de processamento de carne

Para melhorar as condições de abate no Rio Grande do Norte, a Empresa de Assistência Técnica e Rural (Emater) coordena a construção e instalação de 26 Unidades de Processamento de Carne no interior. O projeto foi concebido em 2007 e até agora, foram instaladas 13 unidades, das quais apenas duas tem o registro no Instituto de Defesa Agropecuária do Rio Grande do Norte - Idiarn.

A maioria das unidades foi instalada em 2010 e está em processo de regularização de documentação, principalmente no que diz respeito ao licenciamento ambiental - primeiro passo para o registro no Sistema de Inspeção Estadual [SIF], emitido pelo Idiarn. As informações são do gerente do Programa Agroindústria da Emater, Francisco Ivo Freitas Melo.

O objetivo das Unidades de Processamento de Carne, segundo ele, é dotar os municípios de pequenos abatedouros públicos adequados às especificações da lei federal 7.889/1989 e, assim, evitar o abate irregular e clandestino. As unidades, segundo ele, seguem à risca normas de segurança alimentar e do abate humanitário.

Todas as unidades em funcionamento já usam a pistola de atordoamento [pneumática], que é menos traumática, têm currais circulares, que reduz o estresse do animal e trilha aérea de abate. Algumas prefeituras, disse ele, estão fazendo anexo ao abatedouro sala de desossa, para que a carne vá ao açougue já na caixa. "Há uma evolução em curso, já vemos isso. E existe todo um comprometimento do estado para assessorar os municípios nisso", informou.

No projeto das Unidades de Processamento de Carne foram previstos quatro modelos - para abate de 10 animais /dia; para 30 animais/dia; para 60 animais/dia, e para abate de 100 animais/dia, num investimento que vai de R$ 400 mil a R$ 1 milhão. Nessa última categoria, para abate de até R$ 100 animais/dia, foi beneficiada, entre outras cidades, a de Ceará-Mirim. O financiamento dos projetos é dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Agricultura.

A unidade de Ceará-Mirim está em construção, mas a obra foi paralisada. A construtora pediu o distrato, por causa de constantes atrasos nos pagamentos relativos aos serviços da obra, por parte do governo do estado. Enquanto aguarda a finalização do novo abatedouro, o município continua utilizando o antigo, totalmente obsoleto fora das especificações legais.

Em reportagem na edição de sábado, 19, a TRIBUNA DO NORTE mostrou que o prédio e a estrutura de abate são precários e precisam de melhorias. Nesse abatedouro, o animal ainda é abatido a marretadas e a abertura do peito, para a evisceração, é feita com machado. O MPE firmou inclusive um Termo de Ajustamento de Conduta que exige reformas emergenciais no abatedouro. Segundo informações do gerente do Programa Agroindústria da Emater, Francisco Ivo Freitas Melo, o novo abatedouro de Ceará-Mirim deve estar pronto em 120 dias e vai atender oito municípios do mato grande e dos arredores de Natal.

Contatada pela reportagem, a assessoria da Secretaria de Infraestrutura não informou porque a obra está paralisada e nem quando será retomada. Outras unidades de processamento estão em fase inicial, como é o caso de Jucurutu e em São Fernando.


Cuidados na hora do preparo da carne

CARNES BOVINA E SUÍNA: Não consuma carne mal passada, pois o não cozimento aumenta o risco de veiculação de micróbios e vermes causadores de doenças.

PESCADOS: Não armazene os pratos à base de pescados após o cozimento, para posterior reaquecimento, devido aos riscos de sobrevivência de micróbios que causam doenças e sua multiplicação. Há também possibilidade de produção de substâncias que causam alergias.

CARNE DE AVES

-A carne de aves, se manuseada incorretamente ou consumida crua, pode causar danos à saúde.

- Mantenha o produto cru separado dos outros alimentos. Lave com água e sabão as superfícies de trabalho (incluindo as tábuas de corte), utensílios e mãos depois de manusear o produto.

-Consuma somente depois de cozido, frito ou assado completamente. Observe se o cozimento atingiu a parte interna dos pedaços.

- Durante o preparo e manuseio do alimento, existe o risco de recontaminação e contaminação de outros alimentos que não serão cozidos.

- Após temperadas, depois de preparadas e antes do consumo, as carnes de aves devem permanecer em recipientes próprios e com tampa.



Fonte: Portal Boi Pesado

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