16/8/2011
ExpoGenética: Manejo correto de pastagens reduz emissão de gases de efeito estufa

Larissa Vieira

A agropecuária é um dos setores com melhores condições de reduzir a emissão de gases de efeito estuda (GEE). A afirmação é do pesquisador da Esalq/USP, Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, que apresentou nesta segunda-feira (15/08) na ExpoGenética 2011 dados do estudo sobre as emissões de GEE em dois sistemas de manejo de produção de carne diferentes (pasto e confinamento). "Independente do tipo de atividade econômica desenvolvida, todas emitem GEE, e não apenas a agropecuária, como muitos acreditam. A vantagem do setor pecuário em relação aos outros é que ele pode minimizar a emissão e também retirar parte dos GEE da atmosfera", destacou Cerri, que abriu o primeiro dia de palestras do 8º Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas/1º Simpósio Simpósio "Pecuária Tropical Sustentável: Inovação, Avanços Técnico-científicos e Desafios".

Os dois eventos fazem parte da programação da ExpoGenética, feira realizada de 13 a 21 de agosto, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).

Uma das formas de retirar parte do GEE do ambiente seria através do sequestro de carbono e de sua fixação no solo. "Se o nível de sequestramento de carbono for elevado, conseguiremos mitigar a emissão de CO2 por animal. Algumas medidas importantes a serem tomadas são a reforma de pastagem e a redução do tempo necessário para o bovino atingir o ponto de abate", garantiu o pesquisador da Esalq.

Segundo ele, a adoção de novas tecnologias no sistema de produção da carne permitiu ao Brasil elevar a produtividade sem ter que aumentar a área de pastagem. Se o país tivesse mantido a tecnologia adotada em 1960, precisaria ter elevado em 260 milhões de hectares a área de pastagem para ter a mesma produção de hoje.

O pesquisador da Agência Paulista de Tecnologias Agropecuárias (Apta/Nova Odessa), Valdinei Tadeu Paulino, também destacou a importância da recuperação de pastagem como estratégia para reduzir as emissões de GEE. "Aproximadamente 60% das pastagens nacionais encontram-se degradadas, sendo que no Estado de São Paulo este percentual chega a 40%. Essa degradação faz com que haja perda de matéria orgânica do solo e maior emissão de gás carbônico para a atmosfera devido à redução do sequestro de carbono pela pastagem, gerando assim uma queda na produtividade da forragem e dos animais", explica Paulino. Segundo ele, em uma pastagem melhor manejada, há maior concentração de carbono. Até 2020, a meta é reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões os gases de efeito estufa, sendo que 80% desse percentual estimado pode ser atingido diminuindo o desmatamento e utilizando o manejo agrosilvipastoril.

A palestra do pesquisador da Apta teve transmissão ao vivo pelo blog da Secretaria de Agricultura de São Paulo (agricultura.sp.blogspot.com).

Outro projeto apresentado durante o primeiro dia de palestras da ExpoGenética foi sobre pecuária leiteira orgânica. A Embrapa Cerrados está desenvolvendo um estudo sobre esse tipo de produção de leite em algumas regiões brasileiras. Os números apresentados pelo pesquisador da Embrapa Cerrados, João Paulo Guimarães Soares, mostram um aumento na produção de leite orgânico entre 2005 e 2011, saltando de 2.400 milhões para 6.097 milhões de litros de leite orgânico.

Para o pesquisador da Embrapa Cerrados, o grande desafio é a parte sanitária devido ao fato de não poder tratar os animais com produtos químicos. Neste caso, são utilizados produtos homeopáticos. Para combater endo e ectoparasitas, os pesquisadores utilizam o neem, uma planta indiana indicada para combater carrapatos, moscas e vermes. "Os resultados obtidos no projeto mostram que é possível reduzir os problemas sanitários do rebanho sem usar produtos químicos. A pecuária orgânica tem se mostrado uma opção para quem pretende investir em uma produção sustentável", afirma Soares.

Segundo ele, a pecuária leiteira orgânica deve ser tratada como um negócio e como uma inovação. "Para quem pretende optar por esse nicho de mercado, o Brasil tem várias tecnologias disponíveis para viabilizar a produção orgânica de leite", diz o pesquisador da Embrapa Cerrados.
Cerca de mil pessoas participam da Expogenética. Na parte da tarde desta segunda-feira, acontecem três mini-cursos. Outros três mini-cursos estão agendados para quarta-feira. Além disso, os participantes podem visitar os quase 700 animais expostos no Parque Fernando Costa.
Às 20h, ocorrerá o leilão virtual "Genética Uberaba", com transmissão pelo Terraviva. Outros nove pregões estão agendados para a feira.
A ExpoGenética foi aberta oficialmente na noite do último domingo pelo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Eduardo Biagi. Durante a solenidade, houve lançamento do Sumário de Touros ABCZ/Embrapa.

A feira terá de hoje até sexta-feira palestras pela manhã e mini-cursos ou outros eventos técnicos na parte da tarde. A programação completa está disponível no site www.expogenetia.com.br/2011.

Os resumos das palestras apresentadas no primeiro dia do 8º Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas podem ser acessadas através do endereço: http://www.issuu.com/revista_abcz/docs/expogenetica2011_1




Fonte: Portal ABCZ

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