6/6/2011
Virada sustentável e agronegócio de costas um para o outro

Neste final de semana teremos na capital paulista a “Virada Sustentável”. A iniciativa conta com apoio das secretarias municipal e estadual do meio ambiente. Alô, secretaria da Agricultura?! A pasta tinha que participar, marcar terreno, expor o posicionamento do agro, já que o tema sustentabilidade é a vidraça do setor rural hoje.
É engraçado que o agronegócio é a atividade intrinsecamente mais ligada à natureza, mas esta ligação, na grande maioria das vezes, é vista de forma negativa ou é ignorada nas grandes cidades. Há um problema de comunicação sério nesta história.
A “Virada Sustentável” terá mais de 300 atividades culturais e educativas relacionadas à sustentabilidade. Empresas como Braskem, Livraria Saraiva, Porto Seguro, AES Eletropaulo e Schneider Electric Brasil apoiam e se envolveram com o esforço.
Nota-se a ausência de empresas ou entidades do agro, sequer da indústria alimentícia, o que se configura num outro gravíssimo erro estratégico de comunicação. O agro precisa se posicionar e se comunicar também por meio de intervenções urbanas, do contrário será eternamente criticado no tocante a questões sociais e ambientais.
A população urbana não é abastecida pelo campo? É sim, mas esta percepção é cada vez mais frágil. O consumidor se relaciona com a gôndola do supermercado, no máximo com a barraca da feira, mas não “flerta, namora” com as fazendas. E esta distância é péssima para o agro.
Esta ruptura de vínculo afasta o cidadão urbano do agronegócio, abrindo caminho para que ele pense o que quiser. Bombardeado a torto e a direito com informações que associam o agro à devastação ambiental ou danos ao tecido social, o indivíduo das cidades forma uma opinião ruim a respeito do setor rural.
E aí? E aí, é que em futuras eleições, por exemplo, este mesmo cidadão entre decidir entre uma política pública boa ou ruim para o agro, escolhe a ruim. Lógico, ele só conhece um lado da moeda. E mudar esta realidade é desafio do setor rural.
Por outro lado, também é engraçado que quando se fala em sustentabilidade, a maioria da população urbana só enxerga o ângulo verde da coisa. Sustentabilidade é, antes de tudo, o vetor econômico. Se uma pessoa, uma empresa, um setor não se sustenta financeiramente, como vai conseguir atender a seus compromissos ambientais e sociais?
É claro que ambos os P´s (Profit, People, Planet) precisam de atenção igual. Utopia? Até o momento sim, em qualquer setor, não só no agronegócio. Porém, do que nos alimentamos a continuar firme na jornada, senão das utopias de cada dia? Abraços.


Fonte: Portal Agroblog.com.br

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