23/3/2000
Soja transgênica ganha espaço nas usinas


Em diferentes regiões do estado de São Paulo, a soja transgênica aparece como opção na reforma da lavoura de cana, em áreas de expansão de lavouras e, ainda, em outros campos para controle de plantas daninhas.

Na região de Araçatuba (SP), o Grupo Aralco, formado por três usinas e com a instalação de mais uma prevista para este ano, utiliza a soja convencional para a reforma da lavoura de cana-de-açúcar há quatro anos e 3 mil dos 14 mil hectares que serão plantados em 2006 pelo grupo estarão ocupados pela oleaginosa. A idéia inicial do plantio era diminuir os custos com a preparação do solo visando o plantio de cana no próximo ano, com o aproveitamento do maquinário que fica ocioso na entressafra. Além disso, as condições climáticas (intenso calor e chuvas) dos meses de janeiro e fevereiro dificultam esta preparação, e o plantio da oleaginosa aparece como opção.

No fim do ano passado, a Usina Aralco, em Santo Antônio do Aracanguá (SP), fez o primeiro teste com a tecnologia Roundup Ready®, plantando a variedade M-Soy 8008 em uma área de 1.8 hectare e está prestes a colher os resultados positivos da biotecnologia para o setor sucroalcooleiro.

"A vantagem da soja é quebrar o ciclo de algumas plantas daninhas que competem com a cana, preparar o solo para a safra e otimizar todo o maquinário que fica parado na entressafra. O objetivo é gerar uma economia de custos e isso a soja transgênica pode trazer", explica o engenheiro agrônomo da Aralco, Júnio Gomes.

Os números compilados por ele e pela representante técnica de vendas da Monsanto, Aline Popin, demonstram esta economia: enquanto que no plantio de soja convencional foram gastos entre R$ 78 e R$ 128,20/ha em duas aplicações de defensivos agrícolas - pré e pós-emergente -, a soja transgênica utilizou apenas uma aplicação de 3 litros do herbicida Roundup Ready®, ao custo de R$ 54,00/ha.

De acordo com Júnio Gomes, a expectativa é de ampliar a cada ano a área plantada de soja, e as variedades geneticamente modificadas podem conquistar espaço neste setor. A possibilidade de instalação de fábricas de biodiesel na região de Araçatuba é um outro motivo que pode acelerar ainda mais a expansão da lavoura de soja, uma vez que a produção terá destinação certa.

Para Gomes, a utilização da soja geneticamente modificada "é vista com bons olhos, tanto para áreas de reforma quanto para áreas maiores, de expansão, que é o objetivo do grupo no momento".

Outra região, novos usos

A Usina Zanin, em Araraquara (SP), também optou pela tecnologia Roundup Ready® pela redução de custos e a facilidade no manejo de plantas daninhas, e deu duas funções à soja: reforma da lavoura de cana e plantio em áreas de "linhão". Nestas áreas não se cultiva cana, mas apresentam alta infestação de plantas daninhas, como colonião, vassoura e cipó, que inviabilizam o plantio de outra cultura e o seu aproveitamento. Com uma área total de 22 mil hectares, a Zanin tem 800 hectares de soja, dos quais 130 são dedicados ao cultivo da tecnologia Roundup Ready®, com variedades da Monsoy e da Embrapa.

Na opinião do engenheiro agrônomo e diretor agrícola da Usina, Narciso Zanin, a soja tem que se adequar ao plantio da cana, que é o principal negócio da usina. "Nossa atividade principal é a produção de açúcar e álcool. A soja é um complemento e, como tal, não deve agregar mais custo e trabalho à empresa. Por isso, experimentamos a soja RR, tolerante a herbicida, pela facilidade de manejo", declara Zanin.

Zanin diz, ainda, que a soja transgênica é uma boa alternativa para o setor sucroalcooleiro. "Pela lei, as usinas devem cultivar boa parte de sua área em cana crua, com corte mecanizado, sem queimadas. A soja tolerante ao glifosato facilita o emprego do Plantio Direto, técnica que evita o revolvimento e preparo do solo para o plantio. Dá para fazer um bom controle das plantas daninhas com Roundup® e ganha-se tempo com o Plantio Direto", finaliza. (fonte: Casa da Imprensa Comunicação - CDI)






Fonte: Clube do Fazendeiro

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