14/1/2011
Criadores e frigoríficos querem o fim da taxa de exportação para o couro wet-blue

Pagamento de 9% sobre o valor de cada pele estaria afetando a renda dos reclamantes

O clima é de polêmica entre curtumes e pecuaristas. Alegando redução na renda, criadores de gado e frigoríficos querem o fim da taxa de exportação para o couro wet-blue, como são chamadas as peles que já podem receber outros acabamentos. A pedido dos produtores, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) encaminhou ao Ministério da Agricultura uma solicitação de revisão do imposto.

O couro wet blue é aquele que passou por um processo inicial de curtimento para, depois, receber o acabamento com outras cores e texturas. Desde 2000, quem exporta o produto paga uma taxa de 9% sobre o valor de cada pele. O custo estaria diminuindo a renda de algumas indústrias curtidoras e dos criadores de gado. É que o couro, que já chegou a valer 12% do preço do boi, agora corresponde a apenas 1,5% do valor.

– Uma vez que o exportador tem que pagar 9% na exportação do couro wet blue, significa que há uma queda no preço desse produto no mercado interno. Essa queda no preço do produto é repassada do curtume para o frigorífico e do frigorífico para o produtor – explica o assessor técnico da CNA Paulo Mustefaga.

A redução nos ganhos fez com que os pecuaristas pedissem ao governo o fim da taxa de exportação para o couro wet blue. Os criadores de gado argumentam que há uma sobra desse tipo de produto no mercado interno. Mas nem mesmo os curtumes têm uma opinião fechada a respeito da cobrança.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Curtume de Goiás, João Essado, defende a redução gradativa da taxa, chegando a zero em três anos.

– Os curtumes de acabamento acham que o couro wet blue, saindo muito pra fora, pode faltar couro pra eles e pra aquelas indústrias que têm acabamento dentro do nosso Estado. Mas na realidade, hoje sobra couro wet blue – afirma.

Nos curtumes do sul do país, o temor é de que o fim da cobrança resulte na invasão do mercado interno por produtos fabricados em outros países - com a matéria prima que saiu daqui.

– Nós precisamos agregar valor, gerar empregos aqui dentro. E não é exportando matéria-prima que nós vamos fazer isso – diz o presidente da Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul, Francisco Gomes.

Depois de uma análise inicial, o Ministério da Agricultura pode encaminhar a demanda à Câmara de Comércio Exterior


Fonte: Canal Rural

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