10/12/2010
Preços da ração animal devem se manter altos até março 2011

Para o criador de gado de corte, projeção serve para que ele programe as compras

Sebastião Garcia | Boituva (SP)

Os preços da ração animal devem se manter altos pelo menos até março de 2011 o que é bom para quem planta, mas nem tanto pra quem cria. É o que prevê a própria indústria do setor. Para o criador de gado de corte, a projeção serve para que ele programe as compras.

O segmento de gado de corte representa 4% no mercado de consumo de rações, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). Suínos e frangos são os que mais consomem. O balanço do ano, divulgado nesta sexta, dia 10, em SP, comprova um aumento de 4% na produção em relação a 2009, dado acima dos 3,5% esperados pelo setor. Até o fim deste mês a produção deve chegar a 61 milhões de toneladas, com preços que, como a própria indústria admite, apertaram as contas do produtor. Os de farelo de soja e de milho foram os que mais subiram.

– Isso afetou demasiadamente o custo de rações de suínos e aves, que aumentaram na ordem de 25%, 30%, 40% – diz o vice-presidente executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani.

O levantamento sobre a variação dos preços do milho e do farelo de soja mostra de quanto foi o aumento. Em um ano o farelo subiu mais de 5%. O milho, quase 46%.

– Até o primeiro trimestre do próximo ano haverá uma manutenção de preços de milho e farelo de soja num patamar alto – acrescenta Zani.

Na fazenda em que o produtor rural José Ovídio Sebastiani é sócio, em Boituva (SP), há uma estrutura completa para manter o confinamento do gado. Em cada uma destas divisões, as matérias-primas do que pesa mais no custo: a ração. São pelo menos oito produtos, incluindo silagem de milho, cevada e farelo de trigo. A mistura feita na propriedade é que forma a ração. O processo até chegar ao cocho se repete cinco vezes por dia.

– Se eu tivesse que comprar tudo neste período em que está alto demais, certamente eu não conseguiria ter viabilidade econômica na propriedade – diz Sebastiani.

O ritmo de trabalho aqui na fazenda começa a diminuir nesta época do ano. O confinamento entra agora no período de baixa. A produção volta com força mesmo lá em abril, quando nesta propriedade, por exemplo, chega a ter até 2,5 mil animais para engorda. É com as cocheiras quase vazias que o produtor se prepara para a época boa de produção. Faz a armazenagem dos produtos. Mas isso não é garantia de que ele vá gastar menos com ração depois.

A instabilidade dos preços deixa qualquer produtor inseguro, segundo José Ovídio. Ele conta que há dois ou três meses pagava R$ 17 por uma saca de milho. Hoje não compra por menos de 30. Alguns produtos, diz ele, tiveram alta de 80% nos últimos seis meses.

– Agora que o preço da carne subiu também, compensou em parte, porque o custo da ração foi muito maior do que o preço da carne – diz Sebastiani.

CANAL RURAL



Fonte: Canal Rural

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