10/9/2009
Índice de produtividade deve considerar renda líquida da propriedade

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Eliseu Alves defendeu ontem (8) que o índice de produtividade rural deve ter base na renda líquida da propriedade. "É importante que o produtor tenha uma renda líquida positiva para que ele cumpra sua missão. E isso é resultado da diferença entre o que foi obtido com a venda do produto e o custo total empregado", disse durante audiência pública destinada a discutir o índice de produtividade rural, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado
A opinião manifestada pelo pesquisador foi corroborada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. Segundo o ministro, "é extremamente importante que o governo tome medidas para que essa renda seja mantida".
Ambos defenderam a construção de um índice de produtividade rural que reflita a renda líquida da propriedade. "A idéia básica é ligar as condições de mercado a esse índice", sugeriu Alves.
O ministro disse que considera o momento atual inadequado para que se promova mudança do índice de produtividade rural. Esse índice serve de parâmetro para classificar as propriedades rurais improdutivas, para fins de reforma agrária. "Reunimos 25 secretários de Agricultura dos mais diversos partidos e fiquei até surpreso com a força de reação deles após o anúncio da possibilidade de se alterar esse índice", disse o ministro pouco antes de participar de uma audiência pública destinada a discutir o tema na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado.
Ele lembrou que a crise mundial repercutiu no Brasil e na agricultura brasileira, uma vez que restringiu mercados e preços. Além disso, ele lembrou que há também uma discussão técnica contestando que esse índice leva apenas em consideração a área de produção e não outros itens de produtividade como equipamentos, tecnologia, eficiência do agricultor e principalmente mercado e preço.
"E você não vai produzir em índices elevados nem produzir muito quando não há mercado nem preço para determinado produto".
Stephanes explicou que, se entrassem em vigor os índices estabelecidos nos relatórios, "esses índices teriam um aumento médio de cerca de 100%, o que, de forma geral, foi atingido nesse período".
Para ele, há uma "questão política emblemática" envolvendo o tema, principalmente decorrente das reivindicações de representações ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Contag), entre outras.
"Mas a posição do ministério é a de levar todas as informações que temos ao presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva], e demonstrar a ele as dificuldades que existem".



Fonte: Portal Abcz

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