13/3/2006
Preços do trigo levam produtor paranaense ao dilema sobre o plantio


O Brasil produz pouco mais da metade do trigo que consome. No ciclo 2005/06, o plantio de trigo ocupou 2,361 milhões de hectares, com uma produção de 4,8 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Paraná participa com quase 60% da produção nacional, sendo que os estados do sul concentram 95% da produção. O preço do frete inviabiliza a comercialização, tornando o produto importado cada vez mais atraente. O analista de mercado da Correpar, João Donizetti Garcia, ilustra a situação, chamando a atenção para novo aumento no preço do frete em função das safras de soja e milho: “No trecho entre Campo Mourão e Curitiba, o frete variava entre R$ 34/tonelada e R$ 36. Hoje está R$ 45”.

Quase todo o trigo importado vem da Argentina, onde, em função das características do solo e preço dos insumos, os custos de produção são bem mais baixos que no Brasil. O dólar baixo tem estimulado, inclusive, as importações de trigo de países com pouca tradição, como o Paraguai. No segundo semestre de 2005, o trigo paranaense chegava ao nordeste com um custo de R$ 430/ tonelada, o argentino conseguia abastecer este mercado, que consome 3 milhões de toneladas, a um custo de R$ 380/ tonelada.

Para Garcia, o grande problema é que apesar dos custos finais de comercialização serem globalizados, os custos de produção não são e pesam contra o trigo nacional. Além disso, os exportadores argentinos dão prazo longo e juros baixos para o pagamento. O analista chama atenção para números de fevereiro que mostram queda na moagem de trigo: “Alguns moinhos falam em redução de 20% em função da entrada de farinha de trigo argentina”.

Mesmo que o produtor trabalhe com trigo segregado, o melhor preço obtido no mercado é de R$ 350/ tonelada, longe do preço mínimo estipulado de R$ 400.

Enquanto isso, o trigo argentino chega ao porto por R$ 365/ tonelada e o paraguaio chega a Curitiba por R$355/tonelada. No ano passado o governo foi o grande comprador de trigo por meio dos instrumentos de comercialização.

O produtor Anton Gora se diz em compasso de espera por uma interferência do governo no mercado: “É até uma obrigação do governo garantir o preço mínimo. Seria única forma de viabilizar o plantio”.

Este ano, a exemplo da safra de 2005, não há previsão de aumentos significativos nos valores pagos no mercado, o que reforça ainda mais a necessidade de se conduzir as lavouras de forma racional, visando a obtenção da maior produtividade, com os menores custos de produção. (fonte: FAEP - Assessoria de Comunicação Social)


Fonte: Clube do Fazendeiro

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