12/8/2009
Apesar da reação, exportações devem ter queda de 32% este ano

Pesquisa da Fiesp mostra que recuperação do segundo semestre será insuficiente para reverter perdas

Anne Warth e Márcia De Chiara Apesar da pequena melhora das expectativas para as vendas externas, a pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) indica que os empresários esperam que as exportações encerrem o ano com uma queda de 32,2% na comparação com 2008, totalizando US$ 81,260 bilhões. Em 2008, as exportações aumentaram 13,3% em relação a 2007. "As exportações no primeiro semestre foram muito ruins, e agora os empresários estão vendo que no segundo semestre não serão tão ruins assim. Mas nada mudará o resultado do ano, que será bem inferior ao de 2008", explica o gerente do Departamento de Economia da Fiesp, André Rebelo. Embora a crise tenha provocado queda nas vendas da maior parte dos produtos industrializados exportados pelo País, alguns tiveram comportamento oposto. É o caso de açúcar refinado, cujas exportações aumentaram 26,5% entre janeiro e agosto em relação ao mesmo período de 2008, e do açúcar bruto, produto semimanufaturado e que faz parte da pauta de industrializados, cujas exportações subiram 64,3% no período. SAFRA Um dos motivos desse desempenho excepcional é a quebra da safra de açúcar na Índia. O país é o maior consumidor mundial do produto e, por causa da restrição de oferta no mercado interno, passou a importar açúcar brasileiro. No caso da carne bovina, o preço do produto em dólar aumentou 12,5% no mercado externo nos últimos dois meses, observa o economista da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Amilcar Lacerda de Almeida. O Bertin S/A, por exemplo, um dos maiores exportadores de carnes industrializadas, encerrou o primeiro semestre deste ano com crescimento de 3% a 4% nos volumes exportados e um acréscimo de 12% a 15% nas receitas na comparação com o mesmo período de 2008. "Para nós houve uma melhora porque conquistamos mercados de concorrentes que deixaram de operar", explica o diretor de exportação da divisão de carnes, Evandro Miessi. Cauteloso, para o segundo semestre deste ano, ele acredita que a sua empresa deverá manter os volumes e as receitas de exportação em relação ao primeiro semestre. Segundo o executivo, o impacto do câmbio, que hoje não é favorável às exportações, está forte no setor. A arroba do boi é cotada em dólar e encarece o custo da matéria-prima básica, tirando a competitividade das exportações. "A arroba do boi brasileiro está hoje mais cara do que a do australiano." Apesar do câmbio desfavorável, Miessi aponta dois fatores que poderão impulsionar as exportações de carne neste semestre. O primeiro é o aumento no número de fazendas brasileiras autorizadas a exportar boi para a Europa, por causa de restrições sanitárias. O outro fator é a abertura do mercado chileno que, até quatro meses atrás, não comprava carne brasileira. PASSADO Mesmo com prognósticos mais favoráveis para o segundo semestre, os resultados do passado não são positivos. No primeiro semestre deste ano, as vendas externas de produtos industrializados totalizaram US$ 39,141 bilhões, com queda de 30% na comparação com o mesmo período de 2008 e de 38,4% em relação ao segundo semestre de 2008, aponta o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "Tivemos uma queda cavalar", afirma o diretor secretário da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, Carlos Pastoriza. No seu setor, a retração foi de 30% nas exportações do primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2008. A estagnação dos investimentos no mundo e a valorização do real em relação ao dólar fizeram a exportação despencar. "Não vejo melhora para o segundo semestre. O mundo desenvolvido ainda está numa situação complicada." Também as montadoras de veículos não enxergam uma reversão nas exportações para os próximos meses em razão da queda das compras feitas pela Argentina e pelo México, os principais importadores do carro brasileiro. Segundo a Anfavea, no início do ano, a expectativa era exportar 500 mil veículos e agora essa projeção foi revista para pouco mais de 400 mil unidades. Em 2008, foram exportados 735 mil veículos


Fonte: : Sistema Brasileiro do Agronegócio

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