24/7/2009
Lula assina decreto que vai facilitar a agricultura orgânica no país

A partir de agora, registro de insumos para o uso neste tipo de agricultura vai ser simplificado
Renata Maron | São Paulo (SP) Atualizada em 23/07/2009 às 20h34min
O setor de orgânicos cresce entre 20 e 30% ao ano e, apenas no ano passado, movimentou R$ 500 milhões. Para incentivar ainda mais a produção no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quinta, dia 23, um decreto que estabelece que o registro de insumos para o uso na agricultura orgânica vai ser mais facilitado.
— E o decreto que eu assino hoje é como se fosse mais a quebra de um elo de uma corrente que aprisionava os produtos orgânicos neste país. A gente começa pequeno e, cada vez mais, melhora a qualidade. Cada vez mais as pessoas descobrem o produto. E cada vez mais se faz com que os preços dos orgânicos sejam compatíveis com a grande maioria da população — afirmou Lula.
A questão foi discutida nesta quinta durante a abertura da Bio Brazil Fair, a Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, que também contou com a presença do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
— O que se pretende agora é simplificar o processo. Basicamente o Ministério da Agricultura sozinho faz as análises e estabelece critérios com o Ministério da Saúde, a Anvisa e o Meio Ambiente. Ele também lista quais são os produtos básicos que não têm problemas com o meio ambiente e saúde humana. Uma vez listados, aqueles produtos fitossanitários que foram apresentados serão analisados pelo Ministério e liberados em poucas semanas — disse Stephanes.
Depois dos discursos, o presidente Lula passeou pela feira. Nesta quinta edição da Bio Brazil Fair, 200 expositores apresentam as novidades ao público.
Samuel Telhado levou pela primeira vez ao evento os ovos orgânicos que produz. Produtor desde 2006, no interior de São Paulo, ele explica que os ovos vêm de galinhas que só comem milho e soja orgânicos, os animais dormem oito horas todas as noites são tratados com homeopatia.
— Nós sentimos que o mercado está crescendo, começamos com uma pequena produção, com três mil galinhas aproximadamente. Vamos chegar a nove mil até o fim do ano, exatamente pela demanda do mercado — disse Telhado.
Atualmente, os brasileiros já podem até contar com cosméticos orgânicos. A empresa Florestas entrou no mercado há seis anos. A demanda foi tanta que os donos da companhia tiveram que dobrar a quantidade de produtos da linha. Tem hidratante e creme para as mãos e pés. Tudo livre de ingredientes petroquímicos.
— O consumidor está cada vez mais preocupado com a questão da saúde e do meio ambiente. E ao comprar um produto orgânico ele acaba tendo uma garantia adicional com relação à origem dos ingredientes que são usados e do impacto que este produto vai ter no meio ambiente — comentou o empresário Fernando Lima.
Além das comidas, bebidas, produtos de limpeza e cosmético orgânicos, atualmente já é possível até se vestir de maneira orgânica. Na Paraíba, há uma cooperativa que desenvolve peças masculinas, femininas e infantis feitas com algodão orgânico. O interessante é que tudo o que sobra das roupas vira objetos de decoração. O interesse por esses produtos tem crescido tanto que já são 150 pontos de venda no Brasil e tudo isso já chega em 11 países.
— O algodão é a cultura que mais polui o meio ambiente, mais de 600 pragas atacam. O algodoeiro É 25% de todos os pesticidas usados na agricultura vão para o algodão. Então, a importância das pessoas que se conscientizam em pedir algodão orgânico para a natureza é muito melhor do que se alimentar com produtos convencionais — disse a presidente da cooperativa, Maysa Gadelha.
— Isso mostra a força do movimento orgânico, que é o respeito a natureza, respeito aos valores do ser humano e respeito também por você manter o homem do campo e valorizar o trabalho dele — completou a organizadora da feira, Lúcia Cristina de Buone.


Fonte: Revista Globo Rural

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