10/3/2006
Invasões de terra abalam democracia, diz pesquisa IBOPE


O instituto perguntou aos entrevistados se as ações do MST trazem mais resultados positivos ou negativos para a reforma agrária. Na opinião de 56% dos entrevistados, as ações do movimento trazem mais resultados negativos do que positivos para o processo; 32% consideram que os resultados são mais positivos do que negativos e 13% não sabem ou não opinaram. Um resultado que, na opinião do presidente da CNA, mostra que está em andamento a desmistificação da tese de reforma agrária do Governo. "Seguramente, mais de 50% das pessoas percebem que a coisa está atrapalhando mais do que ajudando. Acredito que é inexorável que, a cada ano, esses números se tornem mais nítidos", observa.

Para 53% dos entrevistados, a polícia deve ser utilizada pelo Governo para retirar integrantes do MST quando ocupam propriedades rurais. São contra 41% dos consultados e 6% não opinaram. Ao se analisar os resultados, regionalmente, a região Norte/Centro-Oeste (aglutinadas na pesquisa) se destaca, com 60% afirmando a necessidade de uso da força policial. Na avaliação da CNA, a utilização da polícia deveria ser a última instância. "O setor é contra a violência, os morticínios e a utilização de instrumental de repressão acima da fragilidade do eventual invasor", diz Rodolfo Tavares.

Ao serem perguntados qual é o maior responsável pelos conflitos que atualmente ocorrem no campo, 42% apontaram a autoridade governamental, divididos em 31% pela ação do Governo Federal e 11% apontaram o Ministério do Desenvolvimento e Reforma Agrária (MDA). O MST tem culpa para 16% e os fazendeiros foram responsabilizados em 15% das respostas.

Esse quadro mostra que a população tem uma avaliação crítica em relação à atuação da administração federal na questão agrária. Questionados sobre postura do Poder Executivo, 39% dos entrevistados disseram que o Governo Federal é conivente com as invasões das propriedades rurais.

Na opinião de Tavares, a questão agrária é "como um defunto que não se enterrou. É uma idéia que pereceu no mundo. Justiça social, sim. Igualdade de oportunidades, sim. Tomar de quem tem para dar para quem não tem, não", afirma. As respostas à pesquisa do Ibope, diz o vice-presidente da CNA, indicam que, à medida que a população começa a tomar consciência de que só existe uma maneira de "enterrar esse defunto, que é atuar de acordo com a lei, o Governo começa a aparecer como o bandido da história". Segundo o dirigente, o Governo usava a tese para desfrutar prestígio. Era uma demagogia, um populismo. Agora, deixa de ser".

Outro dado que reforça esse cenário é que, para 67% dos entrevistados, o Governo Federal não tem controle da situação em relação às invasões. Apenas 21% disseram que sim. Em relação ao destino das famílias assentadas pelas ações de reforma agrária do Governo, 57% das pessoas ouvidas disseram que os assentados acabam vendendo ou alugando as terras para terceiros; 26% permanecem nas terras e 9% abandonam a propriedade. Sobre a manutenção dessas famílias, 40% acreditam que a sustentação é com recurso da produção dos próprios assentados. No entanto, 42% creditam essa manutenção a terceiros, sendo que 36% disseram que fica por conta de recursos do Governo Federal e 6% acreditam que a sobrevivência é com dinheiro de organismos internacionais.

As respostas desse levantamento, na avaliação do Rodolfo Tavares, sinalizam que, a cada dia, está ficando mais claro, para todos, que certas idéias, como a reforma agrária, estão sendo desmistificadas. "A população, aos poucos, começa a entender de assuntos que são, por si mesmo, áridos, difíceis, mas acaba compreendendo", disse. (fonte: Departamento de Comunicação - CNA)


Fonte: Clube do Fazendeiro

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