16/6/2009
Veto à carne da Amazônia ainda não afeta preços

Mesmo com as maiores redes de supermercados no Brasil - Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart - anunciando a suspensão das compras das fazendas denunciadas pelo Ministério Público do Estado do Pará envolvidas no desmatamento da Amazônia, até o momento, de maneira geral o mercado não sofreu grandes alterações de preços.

Um dos fatores que podem minimizar as perdas das indústrias após estas denúncias é que a carne proveniente da região envolvida na ação do Ministério Público é utilizada para abastecer o Nordeste e não os grandes centros consumidores do Sudeste, ou seja, os volumes envolvidos são relativamente baixos perto das compras gerais das três redes supermercadistas.

A nota conjunta enviada pelas três redes informa, "a posição definida pelas empresas inclui notificar os frigoríficos, suspender compras das fazendas denunciadas pelo Ministério Público do Estado do Pará e exigir dos frigoríficos as Guias de Trânsito Animal anexadas às Notas Fiscais".

Mesmo assim, a situação é delicada e começa preocupar toda a cadeia. Segundo o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) e vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Ademar Silva, posteriomente, o veto poderá sim refletir nos preços do boi gordo e da carne.

O preço da carne bovina pode subir em todo o país se o boicote for pra valer e se prolongar, avalia, Ademar Silva.

Ainda segundo a associação, também será pedido um plano de auditoria independente e de reconhecimento internacional que assegure que os produtos que comercializam não são procedentes de áreas de devastação da Amazônia. Essa garantia não é fácil de se obter, na visão de Ademar Silva. Ele pondera que as redes frigoríficas têm filiais em vários estados, dificultando a identificação da origem da carne que é comercializada nos supermercados.

Ele considera a medida "intempestiva", tanto por parte do Ministério, ao pressionar frigoríficos a não comprar bois das fazendas autuadas, como por parte dos supermercados ao anunciarem o veto ao produto. "Ainda se trata de um laudo, não está comprovado que essas fazendas praticaram o desmatamento ilegal. E isso pressiona toda a cadeia, tanto a indústria quanto o varejo. Tudo em cima de um laudo, uma autuação", disse.


Fonte: Agencia Estado

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