10/3/2006
Argentina: governo suspende exportação por 180 dias

Depois de um discurso inflamado em que o presidente Néstor Kirchner afirmou que a Argentina não exportará carne "à custa da fome e do bolso dos argentinos", o país anunciou, ontem à noite, a suspensão da venda externa do produto por 180 dias.

O motivo da medida "de emergência" é aumentar a oferta do produto no mercado interno e forçar a queda do preço, já que o item tem sido um dos principais impulsionadores da inflação no país. As restrições para a venda fazem parte da estratégia do governo, considerada ineficaz e heterodoxa por analistas, de controlar a inflação por congelamento de preço.

Segundo explicou a ministra da Economia, Felisa Miceli, em coletiva na Casa Rosada, por três meses, o país só exportará carne da cota Hilton, e os volumes de venda acertados em acordos. A suspensão deve barrar até 90% das exportações.

O governo também ampliou o aumento de encargos de exportação do produto, de 5% para 15%, para carnes com osso e termoprocessadas. A maioria dos cortes paga mais imposto desde novembro, já parte da tentativa de aumentar a oferta interna.

Para justificar as medidas, Miceli mencionou a febre aftosa no Brasil e o medo da gripe aviária na Europa como fatores que aumentaram a demanda mundial pela carne argentina.

Segundo notícia do jornal argentino, La Nacion, a reação foi provocada quando o índice novilho atingiu 2,948 pesos/kg, o nível mais alto do ano no mercado de Liniers. Com a entrada de 9.574 cabeças, as cotações dispararam de um dia para o outro, aumentando 7,63%, o que se somou ao aumento acumulado de 10% desde segunda passada e 26% durante 2006.

Considerando apenas as altas nas cotações do mercado de bovinos, representantes de associações de açougues alertaram que o aumento pode chegar de 8 a 10% nos cortes ao consumidor.

Segundo Miceli, o governo argentino deve monitorar os preços no mercado de carnes, para ver como responderão às medidas adotadas, e para definir a reabertura das exportações "no prazo estipulado". A Argentina exportou 770.000 toneladas de carne bovina em 2005, com receita cambial de US$ 1,4 bilhão.



Fonte: Beef Point

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