15/5/2009
Produtor precisa investir em sanidade, nutrição e genética para sobreviver

O uso intensivo de tecnologias em sanidade, nutrição e genética é o único caminho para o pecuarista obter rentabilidade no seu projeto. A conclusão é dos especialistas que participaram do 4º Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte, promovido pela Merial.




“O produtor que não ser preocupar em incorporar as inovações que a indústria coloca à sua disposição tem um fim certo: muito em breve ele estará fora do mercado”, afirmou o consultor Mauricio Palma Nogueira em sua apresentação no 4º Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte, promovido pela Merial Saúde Animal e a Nutron Alimentos, encerrado nesta quinta-feira (14/05), em Goiânia (GO). Em dois dias, o evento recebeu mais de 600 pecuaristas de várias partes do Brasil e até da América do Sul.



“As ferramentas disponíveis ao pecuarista são muitas e têm custo/benefício extremamente positivo para o produtor”, complementa Henry Berger, coordenador do Projeto Igenity, de marcadores moleculares. A análise do DNA do bovino é uma dessas novas tecnologias que contribuem para a maior rentabilidade da criação.



No workshop, Berger apresentou em primeira mão ao mercado o mais novo marcador molecular Igenity, o de eficiência alimentar para as raças taurinas. “É preciso saber quais animais são mais eficientes na transformação dos nutrientes que ingerem em carne porque quanto menos tempo eles levarem para ganhar o peso de abate e mais qualidade de carcaça tiverem, mais lucro eles proporcionarão ao produtor”, ressalta o coordenador do Projeto Igenity.



Além disso, quanto menos tempo o animal ficar no pasto ou no cocho manos alimentos ele necessitará para sua manutenção, consumirá até 12% menos nutrientes e, também, produzirá de 9% a 12% menos de gás metano, cumprindo uma função ambiental importante.



O médico veterinário Pedro Terencio, da Nutron Alimentos, também apresentou no workshop uma série de tecnologias nutricionais que comprovadamente ajudam o pecuarista a produzir mais a custos menores. “Para começar, é preciso selecionar os animais certos para o seu tipo de negócio”, recomenda Terencio. “A melhor conversão alimentar é o alvo. O animal tem de consumir o mínimo possível de alimentos para converter em um quilo de carne. Para isso, há aditivos e técnicas disponíveis, incluindo o aumento da densidade energética”, diz o técnico.



Preocupação ambiental – A tecnologia contribui para o pecuarista melhorar os seus indicadores de produção e, além disso, permite obter mais lucro com respeito ao meio ambiente. Para o consultor Mauricio Palma Nogueira, palestrante do 4º Workshop Negócios & Tendências na Pecuária de Corte, está aí um fator indispensável nos dias atuais. “A grande contribuição da pecuária para o meio ambiente é o aumento da produtividade, porque os animais atingem o peso de abate mais cedo e, assim, é preciso menos área para a criação. Com isso, não é preciso mais área para a produção. Como é possível fazer isso? Simples, melhorando o programa sanitário, a nutrição, a genética e o manejo”, assinalou o especialista.



O engenheiro agrônomo Thiago Carvalho, da Esalq/USP, trouxe aos pecuaristas presentes ao workshop dados históricos que comprovam a perda de rentabilidade da pecuária ao longo dos anos. “Entre 2003 e 2009, o preço do boi gordo subiu 44,3% mas o custo operacional da produção saltou 87%”, informou Carvalho. “Isso significa que para obter o mesmo ganho de seis anos atrás é preciso quase duplicar a produtividade, o que só é possível com o uso das tecnologias disponíveis”.



Homem é carnívoro – “Respeito os vegetarianos, mas o homem é essencialmente carnívoro e a produção e o consumo de proteínas animais, como a carne bovina, seguirão em alta ad eternum”. A afirmação é do consultor Osler Desouzart, que participou do workshop Merial Nutron, em Goiânia. Para Osler, um especialista em cadeias produtivas de proteína animal, isso não significa que a carne bovina terá um futuro sem obstáculos. “O maior obstáculo da carne vermelha é a própria atividade, que é forte economicamente, mas não transforma esse poderio em seu benefício. É preciso que acabe essa história de um elo da cadeia encarar o outro como um inimigo”.



Desouzart apresentou estudo para mostrar que a produção de carne bovina crescerá 6,6% até 2015, passando de 66,2 milhões/t para 70,6 milhões/t. Enquanto isso, a carne suína avançará 6,2%, chegando a 108,5 milhões/t, mas a carne de aves saltará 13,5% (110 milhões/t). “Não venham me dizer que a carne de frangos ganhará mais espaço por causa do preço. A cadeia da carne bovina precisa olhar para o próprio umbigo e refletir sobre o que precisa ser feito para recuperar o ritmo de crescimento”.



Fonte: Grupo Cultivar

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