13/5/2009
Propriedades aguardam auditoria oficial para serem habilitadas a exportar carne/MT

Fila de espera das fazendas que aguardam pela habilitação vira alvo de críticas da Acrimat, que denuncia a falta de auditores


Presidente da Acrimat, Mario Candia, diz que habilitação é uma grande ferramenta de gestão e renda
MARCONDES MACIEL

Com 162 propriedades rurais aptas a exportar carne para a União Européia (UE), Mato Grosso luta pela liberação de novas fazendas dentro do Sistema de Rastreabilidade de Bovinos (Sisbov). De acordo com a Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), 405 propriedades mato-grossenses aguardam a auditoria oficial para serem habilitadas a exportar carne para a Europa. Mas, apenas três equipes estão realizando este trabalho.

A situação torna-se ainda mais difícil quando se sabe que cada equipe audita apenas três fazendas por semana. “Seriam necessárias 45 semanas – ou mais de dez meses - para os técnicos auditarem todas as propriedades”, aponta o presidente da Acrimat, Mario Candia Figueiredo.

Apesar das exigências dos europeus, os pecuaristas mato-grossenses vêm neste mercado consumidor a oportunidade de melhorar a rentabilidade da atividade. “O Sisbov é uma ferramenta importante na gestão da fazenda, além de agregar valor ao produto, pois o valor pago para o gado com certificação é até 12% superior ao que não tem”, argumenta o presidente da Acrimat.

A sugestão, após reunião realizada com representantes do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT) e Superintendência Federal da Agricultura (SFA/MT), é ampliar o número de equipes para 18, a partir da contratação de novos veterinários. “Não podemos esperar mais, pois muitas fazendas estão na fila aguardando a auditoria e querem fazer um planejamento de suas exportações”, afirma Candia.

As liberações das propriedades ocorrem após auditorias realizadas pelos técnicos da SFA do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em conjunto com o Indea/MT. O resultado da auditagem passa pelo crivo de uma comissão estadual do Sisbov e, posteriormente, é encaminhado ao Mapa, para uma nova avaliação e envio da documentação à Comissão Veterinária da UE, a quem cabe a palavra final sobre o processo de liberação.

Para agilizar o processo de habilitação de novas propriedades em Mato Grosso, a SFA chegou a ministrar recentemente a capacitação e treinamento de técnicos do Indea para o serviço de auditoria do Sisbov nas fazendas. Mas, o número de técnicos para realizar a auditagem das fazendas continua insuficiente para atender a grande demanda de pecuaristas que querem o enquadramento ao Sisbov e, assim, ficarem aptos a vender carne bovina in natura à União Européia.

A auditoria dura em média dois dias e envolve, entre outras atividades, a análise de controles de rastreabilidade das fazendas, levantamento do número de animais e de brincos, manejo sanitário, insumos e, principalmente, a identificação dos animais, confrontando as informações com o banco de dados do Sisbov.

“Se tudo estiver de acordo com as normas da rastreabilidade, o processo tem continuidade até chegar em Brasília e na Europa, para parecer final”, explica uma fonte da SFA/Mapa. O procedimento – desde a realização das auditorias até a habilitação da propriedade pela UE, leva de 30 a 60 dias.

NÚMEROS - Mato Grosso conta atualmente com 214 propriedades inspecionadas. Dessas, 62 apresentam algum tipo de não conformidade, restando 162 aptas a exportar para UE. Na opinião de Mario Candia, esse índice de não conformidade “é muito alto” e a Acrimat vai sugerir ao Mapa que seja divulgado um ranking com as certificadoras aptas a orientar o pecuarista sobre as ações necessárias para participar da auditoria. De acordo com a entidade, o volume do rebanho apto é tido como confidencial pelo Mapa e por isso não revelado.

“O pecuarista precisa de informações corretas para fazer um trabalho em conformidade com as normas exigidas”, disse o presidente da Acrimat, Mário Candia, que ontem viajou para Brasília para conversar com o secretário de Defesa Agropecuária Nacional, Inácio Kroetz.

A Acrimat vai solicitar ao Mapa a revisão de “alguns pontos” para que o Sisbov funcione melhor em Mato Grosso, que detém o maior rebanho de bovinos do Brasil, com mais de 26 milhões de cabeças.

SISBOV - A implantação do Sistema é exigida apenas para as propriedades rurais interessadas em exportar carne in natura à UE. A rastreabilidade prevê o controle de certificação do rebanho, que envolve a identificação dos animais, bem como o seu registro na base nacional de dados do Ministério e tem como objetivo o controle do processo produtivo no âmbito das propriedades rurais de bovinos e bubalinos.

Candia lembrou que os pecuaristas interessados na habilitação de suas propriedades devem procurar o Mapa e solicitar a auditagem do rebanho. O Sisbov prevê que os pecuaristas terão duas opções para fazer o rastreamento do rebanho: adotar brincos ou chips eletrônicos para a identificação dos bovinos.


Fonte: Portal Agrolink

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