11/5/2009
Setor da carne bovina busca criar conselho nacional

Cadeia sucroalcooleira será modelo da ação para resolver discórdia em preços

A indústria brasileira estuda a criação de conselho para tentar resolver problemas no desenvolvimento do setor de carne bovina, como a falta de transparência nas negociações entre pecuaristas e frigoríficos. Em tempos de crise, como agora, cresce a discórdia no valor pago pela carcaça.
Para reduzir desequilíbrios e garantir participação direta na definição de preço, o presidente do frigorífico Mercosul, Douglas Oliveira, propõe a criação do Conseboi, grupo que seria formado por representantes dos criadores, da indústria e de técnicos, para estabelecer preço nacional de referência para a carne. Segundo ele, a iniciativa já teria apoio de gigantes industriais, mas enfrenta dificuldades para aglutinar outros elos.
Oliveira lembra que a ideia teve êxito comprovado nos setores sucroalcooleiro e de leite. "Chegará o momento em que todos irão entender que é o melhor caminho", diz, ao referir-se a empresas que operam na informalidade.
Em abril de 2008, o Estado cogitou criar um conselho paritário, batizado de Consecarne. A ideia não evoluiu, embora haja consenso sobre os benefícios de sua implementação. "O conselho criaria um ambiente mais confiável, embora não se possa ter a pretensão de achar que seria a solução de todos os problemas", opina o presidente do Sicadergs, Ronei Lauxen.
Para o diretor da Farsul Carlos Simm, seria a oportunidade de o produtor receber mais em períodos de alta no valor da carne e o frigorífico reduzir custos em tempos de baixa. "Ter esse parâmetro seria importante, especialmente em épocas de extremos." Ele avalia que o fato de o projeto não ter ido adiante reflete a desarticulação do setor.
A iniciativa de um conselho paritário foi colocada em prática no Estado pelo setor lácteo, com o Conseleite, que aponta o preço de referência. Apesar de nem todas as empresas praticarem esse valor, desequilíbrios foram reduzidos e o diálogo melhorou, garante o assessor de política agrícola da Fetag, Airton Hochscheid. "Antes não havia parâmetro no mercado." O Conseleite é formado por oito representantes de indústrias e oito de agricultores. Os custos são analisados pela UPF. Para que o projeto tivesse sucesso, indústrias e produtores tiveram de abrir suas contas.


Fonte: Agrolink

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