7/4/2009
Crise: Para tentar recuperar preço, matrizes foram abatidas e agora faltam animais

Uma outra estratégia adotada pelos pecuaristas para driblar a queda no preço da arroba foi diminuir a oferta de animais.


Nesse processo, matrizes e novilhas foram abatidas. A redução dos plantéis, no entanto, saiu do controle, na opinião do diretor-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Bauru e Região, Antônio Carlos de Oliveira Matheus, o Pardal.
"Outro agravante é que as pastagens foram substituídas pela cana-de-açúcar. A nossa região, no entanto, é tomada por cana, eucaliptos e pinus. A pecuária extensiva foi reduzida. Não se vê mais boi no pasto. Tem pecuarista que só faz engorda em confinamento. A carne também baixou no varejo, mas não dentro dos frigoríficos e o custo da folha de pagamento é o mesmo", comenta Pardal.
Ele ainda cita dois outros problemas na região. O fato das cabeças de boi serem trazidas de outros Estados como Minas Gerais e Mato Grosso, além de três frigoríficos grandes estarem concentrados em área próxima (Bertin, Frigol e Mondelli). Por conta de toda a situação, o sindicato autorizou o frigorífico de Bauru a antecipar as férias de 20 dias aos funcionários, mesmo para aqueles sem período aquisitivo, ou seja, cujas férias ainda não tinham vencido.
Nesse período, os trabalhadores recebem normalmente o salário. Apenas quando completarem o período aquisitivo é que receberão o abono de férias (um terço do salário), além de usufruírem os outros dez dias restantes. "Foi uma sugestão do sindicato para evitar 300 a 400 demissões", acrescenta o sindicalista. De acordo com relatos dele, a situação também não seria confortável no Frigol, em Lençóis Paulista, cuja capacidade é de 750 a 820 abates por dia. No entanto, abatem atualmente entre 400 e 500 cabeças diariamente.
A entidade, então, proporá, na próxima semana, uma negociação que envolve banco de horas, embora não seja favorável a ele em situações normais. A ideia seria firmar um acordo por três meses, onde os funcionários seriam dispensados e acumulariam saldo negativo no banco de horas a ser pago em seis meses (menos em domingos e feriados, sem dedução em férias ou 13.º). Em caso de demissão nesse período, as horas em haver seriam perdoadas, explica.
"Mas tudo tem que passar por assembleia de funcionários. Não adotamos qualquer medida sem assembleia", ressalta.

Fonte: Jornal da Cidade / Bauru (SP)

Voltar