30/3/2009
PR: Estado quer suspender vacinação antiaftosa

Depois de 40 anos de campanhas de vacinação contra a febre aftosa, o Paraná está se preparando para obter a certificação na Organização Internacional de Ipizotias (OIE), o certificado de área livre de febre aftosa sem vacinação. Como primeiro passo nessa direção, o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, anunciou na semana passada que o estado suspendeu a vacinação de animais acima de 24 meses, mas permanece a obrigatoriedade da vacinação para os animais bovinos e bubalinos de zero a 24 meses de idade. Segundo ele, essa medida representa o início de "um processo adotado em comum acordo com o Ministério da Agricultura para que o Paraná se torne área livre de febre aftosa, sem vacinação", revelou.
Atualmente, no Brasil, só Santa Catarina possui este reconhecimento da OIE. A estratégia paranaense só vale para a primeira etapa da campanha que será realizada entre 1 e 30 de maio e foi adotada em resposta aos excelentes índices de vacinação alcançados nas campanhas realizadas nos últimos quatro anos. "Acima de 98%, a OIE considera que o rebanho está imunizado. Outra razão para suspensão das vacinas é que ela protege os animais revacinados após quatro vacinações consecutivas por cerca de um ano", contou o diretor do Departamento de Fiscalização e da Defesa Agropecuária (Defis), Silmar Bürer.
Para Bürer, o Paraná está seguro em adotar esse procedimento porque a sorologia realizada nos últimos quatro anos vem apresentando ausência de circulação viral para a doença, o que aponta para um risco mínimo sobre a existência da febre aftosa no Estado. Esses procedimentos estão previstos pela Instrução Normativa (IN) 44 do Ministério da Agricultura e também pela OIE. Na segunda etapa da campanha estadual de vacinação contra febre aftosa prevista para novembro de 2009, no entanto, o rebanho volta a ser inteiramente vacinado.
Para o Secretário Valter Bianchini, os próximos passos para suspender a vacinação contra febre aftosa em definitivo vão depender da reestruturação da Defesa Sanitária, o que já está acontecendo. Está em andamento a contratação de 324 técnicos que irão atuar nas barreiras interestaduais que controlam o trânsito de animais, em substituição à estrutura anterior que era terceirizada. Outros 200 profissionais como médicos veterinários e engenheiros agrônomos foram contratados no final de 2008 para atuar na defesa sanitária. Ele calcula que sem a primeira dose haverá uma redução da vacinação em cerca de 50% do rebanho avaliado em 10 milhões de cabeças, o que equivale a cerca de 5 milhões de doses que deixarão de ser vendidas, uma economia de R$ 7 milhões aos criadores.
Além disso, o sistema de controle de trânsito de animais e as 138 Unidades Veterinárias existentes em todo o Estado, estão informatizados e o Paraná pode localizar qualquer movimentação de animais on-line, detectando exatamente de onde saiu e para onde vai determinado rebanho. Segundo Bianchini, também houve a reestruturação epidemiológica e a melhoria da sanidade animal nos estados vizinhos. "O Estado que tem um cadastro do rebanho consolidado, índices de vacinação acima de 80% e cumpriu pelo menos os dois últimos anos de vacinação semestral pode passar para o sistema de vacinação anual como está acontecendo agora, e o Paraná já preenche todas estas condições", explicou.
Apesar de isentos da vacinação, os criadores serão obrigados a declarar todo o rebanho nas Unidades Veterinárias da Secretaria, sob pena de ser multado e sofrer sanções administrativas. Para cada animal não vacinado até os dois anos de idade ou não declarado, se for adulto, o criador será multado em R$ 87,27.

Fonte: Gazeta Mercantil

Voltar