30/3/2009
Período de calmaria no curral

Os produtores brasileiros do mercado lácteo ordenharam cerca de 27,5 bilhões de litros durante 2008. A taxa de crescimento dos últimos cinco anos se manteve na casa dos 4,1% impulsionada pela economia que estava aquecida até setembro do ano passado. Os preços para chegaram a custar para o consumidor picos de R$ 1,50 por litro. O bom período estimulou investimentos de grandes empresas do setor - na ordem de R$ 1,5 bilhão - para a aquisição de novas unidades produtoras e estruturas de pasteurização.
Avaliação do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas (Cepea), de São Paulo (SP), mostra que há três meses o custo do leite nas mãos dos produtores é estável. Opera na casa dos R$ 0,55 e está abaixo dos melhores resultados de 2008. É possível observar que, diferente de outras categorias das commodities, as quedas no preço final acompanham os valores praticados pelos produtores quando há oscilações negativas. Isso significa que os repasses costumam chegar ao varejo em proporções aceitáveis, mesmo com seu custo sendo acima de 50% em relação aos preços pagos ao produtor.
No Paraná, mesmo com a estabilidade de preços em níveis baixos, os valores estão acima de estados que exportam o produto na forma de leite em pó, como Goiás e Minas Gerais. Segundo Wilson Thiesen, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados do Paraná (Sindileite), nestes estados a situação é mais crítica porque sentiram com mais intensidade a queda nas vendas externas agravadas pela crise internacional. Ele acredita que exista uma dependência do Paraná com os produtores de leite em pó, os responsáveis pela queda. 'Acredito que o aumento da oferta de leite nestes estado não derrube ainda mais os preços no Paraná, entretanto, existem outros fatores que não posso prever', analisa.
A reportagem ouviu analistas e produtores no Rio Grande do Sul, que atuam em mercados parecidos com os paranaenses. De acordo com Wagner Beskow, engenheiro agrônomo da Companhia Central Gaúcha do Leite (CCGL), a sazonalidade é a principal justificava para a última oscilação mais brusca dos valores. Até o final de março a expectativa normalmente é de queda porque existe uma oferta abundante do produto. Entre os meses de abril e junho ocorre uma rápida entressafra, 'época de altas mais acentuadas', informou ele após encontro de produtores na 10ª Expodireto Cotrijal, encerrada na semana passada, em Não-Me-Toque (RS).

Fonte: Folha de Londrina

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