16/3/2009
Indústria deixa de pagar R$ 500 milhões a criador

Ainda não há um cálculo oficial, mas a estimativa é de que os frigoríficos que entraram em recuperação judicial do ano passado para cá deixaram de pagar pelo menos R$ 430 milhões aos pecuaristas fornecedores de animais para abate. O cálculo considera somente os estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, onde os frigoríficos Arantes, Independência e Frigoestrela tinham atuação mais forte. Acrescentando que em Mato Grosso, estima-se que somente o frigorífico Arantes tenha débito entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões com compra de gado, o rombo atinge níveis próximos de R$ 500 milhões e pode ser maior se forem contabilizadas as dívidas do Independência - que abatia bois em cinco plantas no estado -, além do Margem e do Quatro Marcos, todos em recuperação judicial. A maior parte das empresas ainda não declarou ou detalhou seu endividamento à Justiça.
O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Mozart Carvalho Assis, estima que os frigoríficos em default no estado deixaram de pagar R$ 200 milhões pelo boi abatido. "Esse levantamento considera o débito deixado pelo Independência, Arantes, Margem e Frigoestrela, principalmente. A dívida do Quatro Marcos é muito pequena", esclarece Assis. De acordo com o advogado do Quatro Marcos, Aibes Alberto da Silva, o débito com compra de boi da empresa é de cerca de R$ 20 milhões, distribuídos em Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná e Pará. "Quando o frigorífico percebeu que o mercado estava ruim, parou logo de abater", afirma Aibes. O Quatro Marcos, que pediu a recuperação judicial em outubro, só teve o pedido aceito pela Justiça em fevereiro e em abril deve apresentar sua proposta aos credores, segundo o advogado.
Assis, da Faeg, conta que os produtores que venderam a esses frigoríficos estão muito inseguros sobre como e quando vão receber. "Há rumores de que a proposta de um dos frigoríficos é pagar em 20 anos com carência de dois", indigna-se Assis.

Fonte: Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados

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