6/3/2009
Crise na pecuária pode desabastecer País, diz Abrafrigo

Crise na pecuária pode desabastecer País, diz Abrafrigo

Falta de crédito e corte nas exportações obriga seis frigoríficos a pedir recuperação judicial


Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), afirmou nesta quinta-feira (5) que o cenário para a pecuária de corte brasileira é o pior possível. Para ele, o governo, juntamente com toda a cadeia produtiva, precisa discutir alternativas para enfrentar a crise e sair da passividade. Caso contrário, o País pode viver uma crise de desabastecimento.
"Estamos todos ao sabor dos ventos. A situação é preocupante, não somente para os 2,5 milhões de pessoas envolvidas no setor, mas também para o País”, ressalta.

Até agora, seis frigoríficos entraram com pedido de recuperação judicial. Na última sexta-feira (27) foi a vez do Independência acompanhar os passos de Margen, Estrela, Arantes, IFC e Quatro Marcos. Os motivos alegados pelas empresas são a diminuição nas exportações e dificuldades de obtenção de crédito.

Salazar explica que os problemas começaram em 2006, quando os preços da carne diminuíram em razão da febre aftosa. De acordo com ele, desde então, houve um descarte grande de matrizes, o que refletiu na oferta dos bois para os frigoríficos. A crise financeira internacional, no fim do ano passado, agravou ainda mais a situação.

"Essa onda de pedidos de recuperação judicial é fruto de uma crise sistêmica, falta de planejamento e corte nos créditos. Os produtores estão desconfiados em entregar matéria-prima para os frigoríficos e os bancos estão cada vez mais fechando as portas. Se não sairmos dessa passividade e esboçarmos uma reação, o País pode sofrer uma crise de desabastecimento.”

O presidente da Famato (Federação da Agricultura do Mato Grosso) afirma que diversos frigoríficos do estado interromperam o abate de animais e suspenderam o pagamento dos pecuaristas que já haviam entregue os lotes . Segundo ele, a paralisação já comprometeu 40% da capacidade instalada de abate no estado. “Doze mil trabalhadores podem ficar sem emprego”, estima a federação.

O presidente da Abrafrigo destaca ainda que a associação vai pressionar o Ministério da Agricultura para organizar um movimento de discussão para a crise. O objetivo é unir governo e setor no sentido de elaborar um diagnóstico da atual conjuntura.


Fonte: Campo News

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