9/2/2009
Alta em preço agropecuário determina IGP-DI positivo, avalia FGV

De dezembro para janeiro, as principais commodities agrícolas no atacado pararam de cair e voltaram a subir de forma expressiva


O fim da queda nos preços agropecuários no atacado (de -1,30% para 2,07%) foi determinante para a taxa de 0,01% no IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) de janeiro - índice que registrava queda de 0,44% em dezembro. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros, o retorno de aumento de preços no setor agropecuário fez com que a deflação no IPA (Índice de Preços por Atacado) se reduzisse para menos da metade (de -0,88% para -0,33%). Como o IPA-DI representa 60% do total do IGP-DI, essa mudança de cenário no atacado acabou sendo a maior influência para o término de queda de preços medida pelo indicador total, de dezembro para janeiro.
Quadros explicou que, de dezembro para janeiro, praticamente todas as principais commodities agrícolas no atacado pararam de cair e voltaram a subir de forma expressiva. É o caso de soja em grão (de -0,94% para 9,24%); milho em grão (de -1,31% para 14,31%); e trigo (de -4,77% para 4,68%). Além disso, outra commodity de peso na inflação do atacado teve queda de preços menos intensa, no mesmo período. É o caso de bovinos (de -5,29% para -1,36%).
O economista da fundação explicou que está ocorrendo um ajuste de oferta e demanda nesses produtos. "No caso dos grãos, o que ocorre é um choque de oferta", completou, lembrando que esses tipos de produto já tinham registrado, no âmbito do IGP-DI, quedas muitos expressivas, e não poderiam continuar a cair de preço para sempre.
Outro fator levantado pelo economista para explicar a mudança na trajetória de preços no atacado foi o comportamento dos alimentos processados no setor, cujos preços pararam de cair (de -1,86% para 1,87%). Um dos destaques é o açúcar cristal, cuja taxa de variação disparou, de dezembro para janeiro (de 0,18% para 15,23%), em virtude do atual período de entressafra da cana-de-açúcar, que reduz a oferta do item no mercado. Ainda no mesmo segmento de itens alimentícios processados, o óleo de soja, influenciado pela alta da soja em grão, também saiu de deflação (de -7,74% para 7,84%), de dezembro para janeiro.
Na prática, os preços do atacado poderiam ter registrado deflação ainda mais fraca, não fosse o comportamento de itens industriais, cujos preços intensificaram queda (de -0,74% para 1,03%). Deflações em commodities industriais, como o minério de ferro (-1,285) e combustíveis e lubrificantes para a produção (-1, 58%) influenciaram o resultado.
Além disso, Quadros comentou que o impacto da redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros no final do ano passado, medida anunciada pelo governo para estimular o consumo, levou a uma forte queda nos preços para automóveis de passageiros (de -1,83% para -6,62%). "Essa deflação dos automóveis contribuiu para a queda do preços industriais no atacado", explicou.

Fonte: Agência Estado

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