9/2/2009
Escolher sexo do animal não é capricho

Ter um grande número de nascimentos de fêmeas no rebanho foi, durante muitas décadas, o sonho quase inalcançável de muitos pecuaristas leiteiros. Mas o desenvolvimento da tecnologia genética transformou o sonho numa realidade possível e, atualmente, cresce o número de produtores que utilizam o sêmen sexado.
Ele é uma variação (e uma evolução) do sêmen congelado. É mais caro que o sêmen convencional, mas garante uma chance de 90% na determinação do sexo do animal.
Quem já aderiu à tecnologia está satisfeito. É o caso do pecuarista Fábio André, tradicional criador de gado gir e girolando em Goiás. Ele utiliza sêmen sexado de touros holandeses para fecundar óvulos de vacas gir, com a técnica de fertilização in vitro (FIV). "Fica um pouco mais caro, mas o retorno é garantido", afirma.
A relação custo/benefício fica evidente quando se faz uma comparação entre os preços dos bezerros girolandos machos e fêmea. "O bezerro macho está sendo comercializado por cerca de R$ 250, enquanto a fêmea custa cerca de R$ 5 mil. O produtor tem de estar atento aos resultados finais. Se quer mais fêmeas e mais leite, tem de investir em tecnologia, e a FIV deve estar acompanhada do sêmen sexado", ensina.
Fábio André diz que já usou também o sêmen sexado na inseminação artificial. Nesta técnica, entretanto, os resultados foram menos satisfatórios. "O sêmen sexado tem fertilidade menor." Mas isso não significa que o produto não deva ser empregado também na inseminação artificial.
O veterinário José Renato Chiari, que dá assistência técnica a Fábio André, diz que a inseminação artificial com sêmen sexado dá resultados satisfatórios em novilhas no cio natural. Segundo ele, quando o pecuarista faz sincronismo de cio, o índice de fertilidade do sêmen sexado cai. "O sincronismo não elimina diferenças na ovulação das vacas e o sêmen sexado resiste por menos tempo que o convencional."
O agrônomo Wiliam Tabchoury, gerente de Produto Leite da CRV Lagoa, a pioneira no Brasil em produção e comercialização de sêmen sexado, diz que, em média, são necessárias duas doses de sêmen sexado para obter uma prenhez por inseminação artificial. Segundo ele, essa média não inviabiliza a técnica do ponto de vista dos custos. "A dose de sêmen sexado custa entre R$ 50 e R$ 150."
A tecnologia ficou mais barata e mais acessível. Atualmente, o sêmen sexado é usado inclusive para a produção de machos nos rebanhos de corte, embora, majoritariamente, seja aplicada para a obtenção de fêmeas nos rebanhos leiteiros.

Fonte: Folha de Londrina

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