3/3/2006
Fruticultura é uma boa promessa em MT, mas faltam investimentos


A partir da criação do programa MT Regional pelo governo federal - em parceria com o governo do Estado e Universidade Federal de Mato Grosso, entre outras entidades ligadas ao setor agrícola - o Ministério da Agricultura realizou um diagnóstico para apurar quais os tipos de frutas podem ser produzidas no Estado e em quais regiões.

“O programa tem como objetivo viabilizar o crescimento das cadeias produtivas das frutas, obedecendo às peculiaridades regionais. Bem como capacitar o pequeno produtor e investir em tecnologia e criação de novos empregos, para que se aumente a renda dos empreendimentos agropecuários nos municípios ”, avalia o pesquisador da Empaer, Antonimar Marinho.

A vantagem do MT Regional é que ele busca a integração dos municípios para a produção de um único produto pelos pequenos e médios produtores. Como, por exemplo, se os municípios da região sul decidirem plantar maracujá serão realizados estudos entre produtores e empresários para decidir como o produto será cultivado e de que maneira.

Na região do Alto Paraguai o MT Regional já é uma realidade e envolve 11 municípios, como Tangará da Serra, Nova Olímpia, Denise, Barra do Bugres e Nortelândia, entre outros. Onde pequenos e médios produtores, empresários e prefeituras se organizaram e já estão plantando o abacaxi em larga escala. Cada município está plantando uma cota, que será mandada para uma indústria de Tangará da Serra, que já está na reta final de construção, com capacidade para produzir 100 toneladas de polpa por dia. A partir do momento em que o abacaxi estiver sendo comercializado, 90% da produção será para exportação.

Exportar para crescer

O Brasil é um dos três maiores produtores mundiais de frutas, algo em torno de 39 milhões de toneladas por ano. Não obstante essa colocação, o Brasil exporta pouco mais de 1% da sua produção de frutas in natura, ocupando o 20º lugar entre os países exportadores, segundo dados do Ministério da Agricultura.

Mato Grosso ocupa uma posição insignificante entre os estados exportadores de frutas. Conforme o diretor de pesquisa da Empaer, o objetivo é de que em 10 anos esse quadro mude. A oferta de frutas no Estado é pequena e a maioria é absorvida internamente. Os principais produtos são o abacaxi (1433 hectares de área plantada com uma produção de 2081 toneladas); banana (9169 ha, produção de 62.279 t); caju (1406 ha, produção de 475 t de fruta e 64 t de castanha), que são comercializadas de forma in natura.

Aproximadamente dez carretas de frutas são descarregadas todos os dias em Mato Grosso. Com a implementação da fruticultura e criação de indústrias, novos valores serão agregados proporcionando a criação de emprego e renda para os municípios. “Alguns empresários, ao trazerem frutas de outros estados durante o ano inteiro, criam uma espécie de monopólio. E quando o produtor de Mato Grosso quer vender o seu produto na época da chuva, não consegue. Por isso o produtor local tem que organizar a sua produção para poder competir de igual para igual”, explica Antonimar Marinho.

Irrigação- Uma das formas do produtor de Mato Grosso se organizar é plantando frutas por meio de irrigação. Dessa forma, ao invés de ter uma safra por ano, terá duas ou mais. De acordo com o pesquisador da Empaer, o pequeno produtor pode usar o Pronaf (linha de ação que promove o acesso do agricultor familiar ao crédito rural - custeio e investimento - destinado ao desenvolvimento das atividades produtivas. Sua operacionalização é executada pelos agentes financeiros credenciados) para a aquisição de equipamento para irrigação, pois terá um tempo maior para pagar.

“A irrigação hoje é fundamental para a fruticultura. Quanto ao preço não é caro, pois os equipamentos duram cerca de 10 anos. Outro fator é a qualidade das frutas, que é superior às culturas de sequeiro”, explica.

Mão-de-obra qualificada

Um dos maiores problemas enfrentados para o desenvolvimento da fruticultura em Mato Grosso é quanto a capacitação do pequeno produtor, que tem uma mão-de-obra tradicionalmente familiar. “O conhecimento do trabalho com as frutas é fundamental, pois é uma cultura diferente e, às vezes, delicada. Se formos comparar com outros estados produtores de frutas, como Bahia, São Paulo e Goiás, onde as lavouras são trabalhadas em nível de pequeno produtor, é sabido que eles foram bem capacitados. Portanto, para entrarmos no mercado temos que capacitar o nosso pequeno produtor. Uma das vantagens do programa MT Regional é que ele também proporciona essa capacitação, por isso estamos otimistas quanto ao crescimento da fruticultura no Estado nos próximos anos”, comenta o pesquisador.

Cooperativas de produtores - Já está sendo estudado um projeto para a construção de um Centro de Comercialização de Agricultura Familiar, inclusive o governo do Estado abriu licitação para tomada de preço para selecionar uma empresa especializada em obras de construção civil para construí-lo. O secretário-adjunto de Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder), Jilson Francisco da Silva, informou que o centro de comercialização será construído numa área de 50 hectares, localizada na rodovia Mário Andreazza, em Várzea Grande. Orçado em mais de R$ 1 milhão, no centro de comercialização serão instalados um pavilhão, duas salas da administração e diretoria, praça de alimentação e um estacionamento. O pavilhão terá três grandes câmaras frias e 145 boxes de dois metros quadrados por quatro metros, que vão funcionar em sistema rotativo.

Conforme Antonimar Marinho, essa obra é de fundametal importância, pois “a parte mais difícil de uma produção é comercializá-la. Com esse centro o pequeno produtor, além de estar organizado não terá preocupação com a venda”. (fonte: Folha do Estado)


Fonte: Clube do Fazendeiro

Voltar