13/1/2009
Rentabilidade da pecuária será ‘apenas aceitável’

A rentabilidade da pecuária de corte deverá ser apenas aceitável em 2009, sem permitir altos investimentos e reposição satisfatória do rebanho. "Mas (a rentabilidade) ficará longe do desastre que a crise internacional prenunciava", disse o analista José Vicente Ferraz, da AgraFNP.
Segundo ele, o preço médio da arroba de boi gordo poderá ficar até um pouco acima do ano passado. Em 2008, o preço médio está estimado pela AgraFNP em R$ 83. Este ano, o valor deve alcançar R$ 83,50. No ano passado, a arroba chegou a marcar pico de alta de R$ 98, "que dificilmente se repetirá em 2009", prevê Ferraz, que projeta valor máximo de até R$ 95 este ano.
Ele ressalva que essas expectativas não consideram um aprofundamento da crise, com aumento de desemprego e crônica recessão. "Por enquanto, avaliamos que o mercado de boi gordo deve manter um padrão de preço pago pela arroba, com rentabilidade aceitável ao pecuarista", pondera. O analista observa que, independentemente da crise internacional, a restrita oferta de carne bovina em 2008 deve se repetir este ano.
Ele explica que desde 2005 até o início de 2007 o setor passou por um processo de abate de matrizes, que provocou redução da oferta de boi. Uma inversão desse processo, que leva de 2 a 3 anos, ainda não se completou porque implica investimentos que a baixa rentabilidade da atividade não tem permitido. "Espera-se que 2010 seja mais favorável", projeta Ferraz.
De acordo com ele, a questão da demanda comandará os rumos do mercado, principalmente com o atual cenário de crise mundial. Nesse sentido, Ferraz diz que as perspectivas não são tão negativas, interna e externamente.
No mercado interno, na avaliação da AgraFNP, o primeiro trimestre deste ano deve ser de dificuldades, como ocorre tradicionalmente. A procura tende a cair em virtude dos desembolsos do consumidor em despesas, como escola e impostos. Mas os preços não devem despencar porque a queda da demanda se equilibra com a oferta restrita.

Exportação
No que se refere às exportações, o quadro tende a apresentar algumas mudanças, mas que não serão suficientes para fazer com que o Brasil perca espaço no mercado internacional. A Rússia, maior cliente brasileiro deve reduzir sua participação nas compras por conta do agravamento da crise. Muitos importadores ainda não conseguem acessar cartas de crédito e com isso não concretizam as compras previstas.
A queda nas importações russas, no entanto, tende a ser substituída pela abertura de outros mercados. Os exportadores já dão como certa a retomada das importações do Chile e acreditam em uma aceleração das compradas da União Europeia.

Fonte: Folha de Londrina

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