9/1/2009
PIB do agronegócio entra no vermelho

Após dois anos em expansão, o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio entrou no vermelho, invertendo a tendência de crescimento iniciada em julho de 2006. Estimado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o PIB do agronegócio caiu 0,88% em outubro de 2008, após um ano de taxas mensais acima de 0,80%. O último resultado negativo registrado pela CNA/Cepea foi de – 0,148%, em junho de 2006. Segundo a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, tais resultados levam a uma projeção de R$ 685 bilhões para o PIB do agronegócio até outubro de 2008.
“Os efeitos da crise mundial no agronegócio puderam ser dimensionados concretamente a partir de outubro”, disse Kátia Abreu, citando os prejuízos sofridos pelas lavouras, fortemente atingidas pelo recuo dos preços. A queda de 1,42% do PIB do agronegócio da agricultura, em outubro, está ligada à queda dos quatro segmentos do setor, especialmente das atividades dentro da porteira, que registrou decréscimo de 2,20%. Mas, no acumulado de janeiro a outubro, a taxa é positiva, de 5,81%. O agronegócio da pecuária, apesar de também apresentar desaceleração, cresceu 0,44% em outubro, acumulando elevação de 8,56% no ano.
Segundo a senadora Kátia Abreu, o desânimo dos produtores rurais diante do quadro de crise afetou a compra de insumos para a produção agropecuária, invertendo o desempenho apresentado durante o ano. Após nove meses de crescimento sempre acima de 1%, chegando a ultrapassar 2% em alguns momentos, os insumos agropecuários apresentaram queda de 0,47%, em outubro, acumulando no ano elevação de 17,07%. Os insumos da agricultura tiveram o pior desempenho, com queda de 0,80% em outubro, embora acumulem elevação de 20,24% no ano. Os insumos da pecuária desaceleraram ainda mais no mês, com crescimento de apenas 0,10%. “O resultado do segmento de insumos, em outubro, reflete o baixo desempenho em termos de volumes comercializados, mas os preços seguem elevados”, afirmou a presidente da CNA.
O pior desempenho entre os segmentos do agronegócio ocorreu nas atividades dentro da porteira, que registraram queda de 0,95%, em outubro, após nove meses de expansão, que resultaram em crescimento de 12,49% no ano. O segmento primário da agricultura encolheu, com taxa negativa de 2,20%, contribuindo fortemente para esse fraco desempenho. “Houve desaceleração tanto no volume quanto nos preços agrícolas”, explicou a senadora Kátia Abreu. O crescimento do volume médio anual das lavouras foi de 6,46%, em outubro, contra 9,26% em setembro, enquanto os preços registraram taxa de 10,99%, frente aos 12,89% de setembro.
Essa desaceleração verificada nos segmentos da produção primária e dos insumos ocorreu também no segmento industrial do conjunto do agronegócio, que apresentou taxa negativa de 0,96% em outubro, repetindo os resultados negativos dos dois meses anteriores. A queda mais acentuada ocorreu na indústria agrícola, de 1,10%, pesando fortemente sobre o resultado negativo de outubro. O segmento da agroindústria vegetal, principal responsável por esse mau desempenho, caiu de -0,6%, em setembro, para - 1,10% em outubro, atingindo a taxa de 0,75% no acumulado do ano. Apenas as indústrias de celulose e óleos vegetais apresentaram taxas positivas em outubro.

Fonte: Campo e Criação

Voltar