2/3/2006
Estiagem no sudoeste baiano provoca perdas de 50% no café


As perdas estão previstas para 20% nas plantações irrigadas e 50% nas de sequeiro. De acordo com Israel Tavares, presidente do Sindicato Patronal dos Cafeicultores da Região, devido à falta de chuvas, não pôde ser feita a granação do café, que deveria acontecer em janeiro. Agora o fruto está murchando no pé, os que resistem para a colheita perdem tamanho e são desvalorizados no mercado; a depender do caso, o café não chega a ser sequer aproveitado.

Segundo o sindicato patronal, os produtores de café da região não estão recebendo nenhum tipo de suporte ou subsídio governamental para superar a crise. Os agricultores alertam que a próxima safra também está sendo ameaçada pela atual estiagem, pois, não só os frutos, mas também os pés de café estão ameaçados. Com água escassa, algumas plantas estão perdendo fruto e folhagem, de forma que serão necessários mais um ou dois anos para sua recuperação.

A falta de chuvas castiga toda a região de Barra do Choça e Planalto da Conquista, causando prejuízos em outras culturas como feijão e milho. Israel Tavares diz que a pastagem ainda agüenta, mas ele não sabe por quanto tempo.

O município de Barra do Choça, com 40 mil habitantes, está a 542 km de Salvador, e se destaca por ter o maior número de associações e cooperativas do País. São ao todo 42 entidades, das quais 16 de pequenos produtores. Para o presidente do sindicato, os pequenos e médios produtores são os mais prejudicados, já que os grandes sempre têm outras fontes de renda, muitas vezes não ligadas à agricultura, que podem cobrir os prejuízos.

Dificuldades para obter financiamento

Os cafeicultores avaliam que uma intervenção do governo, agora, não seria mais eficaz para evitar os prejuízos e que uma irrigação mais avançada poderia no máximo amenizar ou estagnar as perdas. Irrigar a plantação sai caro para os pequenos produtores – o preço fica em torno de R$ 8 mil por hectare – e, a depender da distância da água e da energia, o custo pode ser ainda maior. Os pequenos produtores reclamam da dificuldade que enfrentam para conseguir financiamento nos bancos e ajuda do governo, e as prestações são cruéis e implacáveis. “Independente do sucesso nos negócios ou de mudanças na natureza, temos que pagar as altas prestações”, explica Tavares e prevê que, mesmo que chova, as perdas serão certas e grandes.

Israel Tavares, que também é diretor da Federação dos Agricultores do Estado da Bahia, introduziu a cultura do café em Barra do Choça, quando foi prefeito em 1971. Hoje o município é considerado o maior produtor de café do Norte/Nordeste do País e sediará, nos dias 15 e 16 de março, o 7º Simpósio Nacional do Agronegócio Café – Agrocafé.

A previsão da safra 2005/2006 no Estado é de colher 2,1 milhões de sacas – o que colocará a Bahia como o quarto produtor no País. A Bahia hoje é responsável por 6,5% da produção nacional e consome cerca de 600 mil sacas anuais.

O comércio em Barra do Choça e cidades vizinhas também será prejudicado pelos resultados ruins da colheita do café. O dinheiro que os produtores fazem circular aumenta também o poder aquisitivo dos trabalhadores, que são muitos na região. Até o comércio de Vitória da Conquista, cidade vizinha, deve sofrer as conseqüências geradas do endividamento de pequenos produtores. (fonte: A Tarde)


Fonte: Clube do Fazendeiro

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