4/12/2008
Sem GTA e sem estoque de boi, frigoríficos param no MT

A partir de amanhã a indústria frigorífica de Mato Groso poderá atingir 100% de ociosidade, paralisando totalmente o abate de bovinos, em decorrência da greve deflagrada pelos funcionários do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), que paralisou os serviços de emissão das guias de transporte animal (GTAs) e da comunicação de vacinação contra a febre aftosa. Atualmente, cerca de 18 mil a 20 mil cabeças/dia são abatidas e os estoques remanescentes de bois vivos duram até hoje.
Neste cenário o reflexo junto ao consumidor deve ser sentido no prazo de cinco dias, com o início do desabastecimento do mercado local. A informação veio do presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo), Luís Antônio Freitas Martins, durante coletiva à imprensa na tarde de ontem, em Cuiabá.
De acordo com Freitas, os prejuízos do setor chegam à casa de R$ 20 milhões/dia, levando em conta que cada boi abatido gera um retorno de R$ 1,1 mil à planta. “E não há como recuperar esse prejuízo, mesmo com o fim da greve. O volume de gado que deixamos de abater diariamente não poderá ser reposto”, avalia. Ele destaca, ainda, que tudo isso também afeta a imagem do Estado junto à comunidade internacional. “O volume de exportações pode até ser pequeno, mas nosso maior prejuízo está na quebra de confiança, no descrédito junto aos compradores, o que poderá levar à ruptura de contratos”, afirma.
ANO - Mas esta não é a primeira crise do ano ao segmento industrial. O processamento de carne bovina no Estado sofreu uma redução de 19,5% em relação a 2007. Desde o início do ano o setor vem enfrentando dificuldades, com a redução na oferta do boi gordo, a elevação da arroba e também reflexos de embargos, como o russo, que já provocaram a demissão de mais de 6 mil funcionários de julho até agora. Este número poderá aumentar caso o impasse junto ao Indea se prolongue. A indústria frigorífica gera 20 mil empregos diretos no Estado, índice que chega a três vezes mais quando abrange a cadeia bovina.
Na coletiva de ontem, o presidente do Sindifrigo destacou a necessidade de o governo estadual voltar seus olhos com mais atenção ao setor que não só é um grande gerador de empregos, como também de impostos. Segundo ele, só com o abate bovino o recolhimento de ICMS gerará em 2008 R$ 110 milhões.
Paralização - A greve dos servidores do Indea/MT foi deflagrada em meados de novembro, interrompida, e retomada na segunda-feira (1°). Na terça a Justiça determinou o retorno imediato de 30% do efetivo do Indea/MT no prazo de 24 horas. No entanto, até o final da tarde de ontem o presidente do Instituto, Décio Coutinho, ainda não havia sido comunicado oficialmente.


Fonte: Diário de Cuiabá

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