26/11/2008
Arroba desvaloriza 13,3% em MT

Enquanto o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tenta recuperar o “status” de exportador para as três fazendas excluídas da lista da União Européia, os preços da arroba do boi gordo continuam em queda livre. Em cerca de quatro meses, cotações desvalorizaram 13,3% no Estado.
Depois de atingir a cotação de R$ 90 no mês de julho, os preços em Mato Grosso recuaram para R$ 85 no mês em setembro e continuaram caindo até atingir R$ 80 no final da primeira quinzena deste mês. Esta semana, as cotações voltaram a cair e ontem a arroba chegou a ser comercializada por até R$ 78 em algumas regiões do Estado.
De acordo com o superintendente da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), Luciano Vaccari, as vendas tiveram queda acentuada nos últimos dias, enquanto os preços para os consumidores aumentaram. “Não conseguimos entender por que o volume de abates diminuiu tanto, uma vez que a oferta está normal”, disse ele.
Na avaliação do diretor executivo da Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, a queda nos preços pagos ao pecuarista é reflexo da crise financeira mundial e da falta de crédito, que levou os países importadores a reduzir as compras.
“A crise está refletindo no Brasil e já estamos percebendo uma queda no consumo em nível mundial”, disse ele.
Segundo Paulo Resende, a instabilidade nos preços é ruim, pois o mercado fica sem direção e toda a cadeia pecuária acaba perdendo, desde o produtor até à indústria.
“Não podemos fazer qualquer previsão, mesmo porque existem fatores externos interferindo na formação de preços, a começar pelo consumo e pela baixa procura pela carne”.

OFERTA - Para os especialistas, a queda nos preços da arroba do boi gordo é provocada também pelo aumento da oferta de gado no mercado interno. Com a falta de crédito gerada pela crise, os estrangeiros seguraram as compras nos últimos meses.
Maior importador de carne bovina do Brasil, com 31% do mercado, a Rússia passa por problemas econômicos. Está comprando menos carne e não consegue pagar o que importa.
“Evidentemente há mercados mais sensíveis. No caso da Rússia temos sentido dificuldade nos pagamentos”, conta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Exportadores de Carne Bovina (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca.
Mato Grosso possui o maior rebanho comercial do País, com cerca de 26 milhões de cabeças, conforme o último levantamento do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea).
Já o Brasil possui o maior rebanho de gado do mundo e, apesar de ser o mais importante exportador de carne bovina, comercializa apenas 20% do que produz. Os outros 80% são absorvidos pelo mercado interno.
Na avaliação dos especialistas, as vendas da proteína animal para outros países devem cair até 40% no mês de novembro. Mas, segundo eles, isso não significa que os estrangeiros estão comendo menos carne. “As vendas tendem a cair porque os preços subiram muito e muitas moedas caíram. O pessoal quer examinar preços e renegociar prazos de entrega. Também aumentou a taxa de juros, então quem trabalhava com 30 dias de estoque vai diminuir para de 15 a 20. Quando o ajuste está em curso há uma queda nas exportações e naturalmente nas importações”.

Fonte: Diário de Cuiabá

Voltar