27/2/2006
Produtores desistem da soja para investir no fumo


Metade da área plantada de fumo no Paraná já foi colhida, e a situação das lavouras que ainda estão para ser colhidas é considerada boa. Segundo informações do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seab), apenas em alguns municípios da região central, como Imbituva, Irati, Teixeira Soares e Prudentópolis os produtores tiveram perdas por causa de chuvas de granizo, mas sem grande prejuízo.

No ano passado a produção de fumo atingiu 152 mil toneladas. Para esta safra, a expectativa é de uma produção maior, com o aumento da área plantada em 4,4%, passando de 78,6 mil hectares para 82 mil ha. Segundo o técnico do Deral, Metódio Groxko, mesmo com grande dispêndio de mão-de-obra após a colheita, que é manual, o fumo atrai os produtores pelas facilidades na comercialização. “O produtor tem a garantia de compra, e não vende por menos do que o preço praticado no ano anterior, além de receber insumos, assistência técnica e seguro de safra”.

A atividade é desenvolvida em sistema integrado com a indústria Souza Cruz. A colheita é feita em etapas sendo que, de cada pé, as folhas são retiradas oito vezes, conforme o estágio de amadurecimento. A secagem é realizada em estufas, onde as folhas são queimadas durante quatro dias e quatro noites, ou nos chamados estaleiros, onde as folhas são amarradas e penduradas em ripas para secar durante vários dias, e depois classificadas conforme a cor, tamanho e espessura.

Santa Catarina

O decepcionante resultado da rodada de negociações entre as indústrias e os produtores poderá levar os fumicultores a reterem o fumo nos paióis, advertiu o coordenador da comissão de fumo da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa. O decepcionante resultado da rodada de negociações, ainda em janeiro, entre as indústrias e os produtores poderá levar os fumicultores a reterem o fumo nos paióis, advertiu o coordenador da comissão de fumo da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Sálvio Tonini. Segundo ele, Foi montada uma operação para fazer com que as companhias de beneficiamento retomem as negociações sobre o preço do fumo. A iniciativa está sendo organizada há pelo menos um mês pela Comissão de Fumo da Faesc em parceria com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaesc). O objetivo é liberar a produção aos poucos, reduzindo a oferta em plena colheita.

Em janeiro, a Faesc, ao lado das demais entidades representativas do setor primário do Sul do Brasil, encerrou com resultados decepcionantes a primeira — e talvez única — rodada de negociações com o Sindifumo, que representa as indústrias de processamento de fumo. Os produtores reivindicaram 24,9% de reajuste sobre a tabela de 2005. O índice representaria o reajuste do período mais as perdas acumuladas nos últimos sete anos. As indústrias não aceitaram a proposta e divergiram a respeito do cálculo da aferição dos custos da mão-de-obra, além de tentar ampliar de 4 para 10 dias o prazo para pagamento.

A rodada encerrou com a oferta de 4% sobre a tabela de 2005 e manutenção dos quatro dias úteis para pagamento ao produtor de fumo. As demais cláusulas, pactuadas nos acordos anteriores, foram mantidas. O coordenador de fumicultura da Faesc advertiu que importantes segmentos do setor produtivo estão propondo a retenção do fumo nas propriedades de forma a obrigar as indústrias a paralisar a atividade e voltar a negociar preços. Tonini acrescentou que a insatisfação pode gerar o surgimento do “mercado atravessador”, através do qual a produção seria desviada para outros operadores do mercado, como exportadores independentes e outras indústrias de processamento.

As empresas de beneficiamento informam que as taxas de juros, valorização do real e tributos cobrados pelo governo impedem uma majoração maior que os 4% oferecidos no início do mês. Além do reajuste, as empresas garantiram a compra de toda a produção, que deve ultrapassar as 800 mil toneladas, o pagamento do frete e do seguro do fumo do produtor até a indústria, o aval dos financiamentos dos Insumos e investimentos e a repactuação dos débitos de produtores que honraram seus contratos.

O Sul do Brasil (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) é o maior produtor de fumo do país: em média 900 mil toneladas de fumo por safra. A atividade fumageira em território catarinense envolve 66,5 mil famílias, o que representa cerca de 266 mil pessoas que vivem da atividade. No Brasil, a cultura do fumo absorve principalmente mão-de-obra familiar. São, em média, mais de 190.270 famílias. O setor é responsável também pela geração de 190 mil empregos temporários que representam 8% do total da mão-de-obra ocupada em cada safra.(fonte: DCI - SP)


Fonte: Clube do Fazendeiro

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