3/10/2008
SP: volume de exportação de carne bovina reage após sete meses

Após sucessivas quedas no volume exportado de carne bovina, os embarques começam a mostrar alguma recuperação. As vendas externas subiram de 191 mil toneladas (equivalente carcaça) em setembro de 2007, para 195 mil em setembro último. Um simbólico aumento de 3%, mas que interrompe um período de queda que teve seu ápice no mês de março, quando as indústrias frigoríficas exportaram 27% a menos que no mesmo período do ano anterior.

Porém essa reação não muda o cenário avistado nos nove primeiros meses do ano. Até setembro de 2008 o Brasil exportou 1,6 bilhão de toneladas, contra 1,9 bilhão embarcadas no mesmo período do ano passado. Enquanto isso, no referente período, a receita passou de U$ 3,2 bilhões para U$ 3,9 bilhões. Com-parando um setembro a outro, o aumento foi de 52%. Até o final do ano, a Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) acredita que o país vai atingir a histórica marca de U$ 5,2 bilhões apenas com o mercado externo, consumidor de uma fatia equivalente a 20% do total da produção brasileira.

A Rússia continua sendo o maior importador da carne brasileira - responsável por 50% da receita acumulada com a exportação de bovinos por aqui, seguida de longe pela Venezuela, com seus 11% de importação. E o posto de terceiro lugar de comprador do boi brasileiro pode voltar ao Chile.

Até o final do mês, uma comissão daquele país vai inspecionar os frigoríficos brasileiros afim de retomar a comercialização do produto entre os vizinhos latinos. "O nosso maior desafio hoje é o acesso a mercados. Ainda existe um protecionismo muito grande", comenta Roberto Gianetti da Fonseca, presidente da Abiec.Gianetti afirma que o setor pode alcançar a marca de U$ 15 bilhões com as exportações bovinas em 2013.

O presidente da Abiec se baseia nas próprias estatísticas da entidade para garantir que o setor pode contribuir para triplicar as receita cambial com a venda de carne. De acordo com projeções da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), até 2017 o consumo mundial de carne bovina deve aumentar 17%.

Para abastecer esse mercado em aparente expansão, a Abiec planeja reverter a notável regressão na taxa de abate do rebanho brasileiro. As 44,4 milhões de cabeças abatidas em 2006, devem ficar em pouco mais de 40 milhões este ano, ou 21% do rebanho. "Nós temos potencial para elevar essa taxa a 30%", calcula o diretor técnico da Abiec, Luiz Carlos Oliveira. Nessa porcentagem está incluído o chamado abate não fiscalizado, e ele não é pequeno.

De acordo com Octávio Costa de Oliveira, gerente de pesquisa de pecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007 dos 41,7 milhões de abates - estimativa baseada no número de peças de couro contabilizadas pelo IBGE -, apenas 30,7 milhões foram fiscalizados, ou seja, 40% do rebanho abatido não passa por qualquer tipo de inspeção. "É por aí que nós também podemos aumentar as exportações, combatendo a clandestinidade", pontua Roberto Gianetti.

Gilmara Botelho


Fonte: Gazeta Mercantil

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