2/10/2008
SP: aumento de exportações para China exige produtos diferenciados, aponta estudo da Apex

A ampliação do relacionamento comercial entre o Brasil e a China exigirá das empresas nacionais a superação de um desafio: passar a exportar para o mercado chinês produtos diferenciados e de alto padrão. Isso é o que revela estudo feito pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e apresentado na tarde de ontem (1º) para vários empresários, em São Paulo.

Segundo o estudo, atualmente a maior parte das exportações brasileiras para a China está concentrada em commodities e produtos com baixo valor agregado. No ano passado, 74% das exportações brasileiras para a China eram de produtos básicos e apenas 8% representavam manufaturados - os produtos mais desejados pelos chineses.

“Temos que continuar exportando commodities, mas não só commodities. Esse é o nosso desafio. Para entrar no mercado chinês, temos que trabalhar com produtos diferenciados, de alto padrão, de alta qualidade. Não podemos tentar entrar com produtos que sejam de mão-de-obra barata porque daí temos um competidor interno. O desafio é trabalhar com produtos diferenciados, de marca e design e tentar vender para a classe média, que vem crescendo de forma sustentável na China”, disse Marcos Lélis, coordenador da área de inteligência comercial da Apex-Brasil.

Segundo ele, mesmo com a crise que afeta o mercado internacional, a economia chinesa continuará a crescer e a atrair investimentos de outros países. “Exatamente por causa dessa crise nos mercados centrais, a China vai ter mais importância no crescimento mundial”, acredita Lélis. De acordo com ele, a China, que já vinha crescendo entre 9,5% e 10%, deverá manter um crescimento em torno de 8,5% nos próximos dois anos, mesmo com a crise econômica mundial.

A China é o segundo maior exportador mundial, com US$ 1,21 bilhões exportados em 2007, atrás da Alemanha, com US$ 1,32 bilhões. Em termos de importações, a China ocupa a terceira posição, importando US$ 956 bilhões em 2007, atrás dos Estados Unidos (US$ 1,95) e da Alemanha (US$1,05 bilhões).

O empresário Reinaldo Guglielmi, diretor da Agro Food, já começou a investir nesse mercado. Desde abril, ele mantém uma cafeteria na China, apostando na “ocidentalização” do país. “A idéia de abrir [uma cafeteria] na China foi porque ela começou a aumentar sua renda, mais do que os outros países e com menos concorrentes”, disse.

Para entrar no mercado chinês, Guglielmi decidiu apostar numa mudança de hábito no país: “Os chineses tomam chá, não tomam café. Mas de uns quatro ou cinco anos para cá, passaram a ter renda e os jovens dos grandes centros começaram a querer a se ocidentalizar. E tomar café é um símbolo de ocidentalização e abandono do antigo”, explicou o empresário, que pretende abrir outras duas cafeterias na China no próximo ano e continuar também exportando para o país café em grão, torrado e moído.

Na quarta-feira (30), o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a entrada do Bank of China no Brasil, o primeiro banco chinês no país. Segundo o Banco Central, o banco será múltiplo, com as carteiras comercial e de investimento, que poderia ainda operar em câmbio. Para Guglielmi, a entrada do Banco da China Brasil será “muito boa”.

“É fundamental para se fazer esse investimento. Nós necessitamos muito de linhas de crédito. E até ajuda o fato de ser um banco de lá”, disse o empresário.


Elaine Patrícia Cruz



Fonte: Agência Brasil

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