2/9/2008
Mataboi se expande de olho no mercado externo de carne

O frigorífico Mataboi é mais uma empresa do segmento de carne bovina que está investindo em expansão tendo o mercado externo como alvo. A companhia começará a atuar em território paulista, mais precisamente na cidade de Araçatuba, a partir do mês que vem. Para 2009, os planos são investir R$ 100 milhões na construção de uma unidade em Formosa, no Estado de Goiás.

A planta no interior de São Paulo foi arrendada e as reformas da indústria estão sendo concluídas, segundo Rubens Vicente, diretor administrativo e financeiro do Mataboi. A unidade de Araçatuba terá capacidade de abate diário de 750 cabeças. Atualmente, a companhia tem plantas em Araguari, em Minas Gerais, onde o abate chega a 1,2 mil cabeças/dia, e também em Rondonópolis, no Mato Grosso, cuja unidade abate 500 cabeças por dia. "Estamos utilizando toda a capacidade instalada das plantas", comenta, ainda, Vicente.

Em Goiás, os planos são de construir nova unidade. Será a maior de todas em comparação às outras plantas, pelo menos até agora, visto que a previsão é de abater 1,5 mil cabeças/dia na planta goiana, segundo o diretor da empresa. Em março do ano que vem, iniciam-se as obras de terraplanagem do local, que já foi definido. De acordo com Vicente, o objetivo da empresa é fortalecer sua presença no mercado externo. Todas as plantas estarão habilitadas a exportar.

Cota Hilton

O Mataboi é um dos frigoríficos que fornecem carne para a Europa por meio da conhecida cota Hilton, ou seja, fornece cortes nobres para redes européias de hotéis e de consumidores de alto padrão com tarifa de importação reduzida. O Brasil tem direito a exportar 5 mil toneladas por ano safra no âmbito da cota Hilton.

O País está batalhando para ampliar esse volume e, enquanto isso ainda nem foi definido, há polêmica no setor. Segundo a Abrafrigo - entidade que representa indústrias frigoríficas -, a maneira como a cota está distribuída entre as indústrias é desigual. A entidade propõe um rateio mais uniforme.

Os critérios de distribuição da cota já estão em avaliação pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e o setor espera para esta semana a publicação da instrução normativa contendo alterações, informou Luiz Carlos de Oliveira, diretor executivo da Abiec (entidade que representa frigoríficos exportadores). "Queremos agilizar para o quanto antes, pelo menos o estabelecimento das cotas fixas", comenta Oliveira.

Atualmente, a divisão das 5 mil toneladas ocorre assim: cada frigorífico habilitado a exportar para a União Européia tem o direito a uma cota fixa de 24 toneladas - considerando que são 40 empresas, somam-se 960 toneladas, segundo Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo. O restante, pouco mais de 4 mil toneladas, é rateado entre os frigoríficos segundo critérios de desempenho de suas exportações no ano anterior (volume e valores em dólares).

"Estamos propondo um rateio mais uniforme. Da maneira como é feito, perpetua um sistema onde os grandes frigoríficos exportadores sempre terão direito a maior volume da cota", comenta Salazar, da Abrafrigo.

A Abrafrigo afirma que ficou definido em reunião, em maio deste ano em Bruxelas, a possibilidade de a cota Hilton ser ampliada, para o Brasil, em 42,5 mil toneladas. Segundo Salazar, a informação foi obtida junto a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). "Se a cota total for ampliada para 47,5 mil toneladas, da maneira como é distribuída, aumentaria ainda mais a distorção desse rateio", diz o presidente da Abrafrigo.

Oliveira, da Abiec, afirma desconhecer a informação sobre o volume de 42,5 mil toneladas de ampliação da cota, citado pela Abrafrigo. "Estamos trabalhando a negociação do tema em conjunto com o governo. Após o fracasso da Rodada de Doha, a negociação será bilateral", complementa Oliveira.

O diretor da Abiec diz, ainda, que o assunto deverá ser discutido outra vez na próxima semana, durante evento que reunirá representantes do setor e de governos de todos os países, na África do Sul. "Vamos aproveitar a oportunidade para tratar do tema." As últimas conversações aconteceram em julho passado.


Fonte: DCI

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