26/8/2008
Após 12 anos, São Paulo volta a exportar carne para Europa

Na próxima lista de fazendas que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deverá entregar aos representantes europeus, no final de agosto, com o objetivo de obter o sinal verde para fornecer carne ao bloco, já deverão constar propriedades paulistas. A afirmação é do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, João Sampaio, que hoje terá em mãos novas estatísticas sobre o número de fazendeiros de São Paulo interessados em voltar a comercializar bovinos do tipo exportação aos frigoríficos fornecedores do bloco.
Atualmente, São Paulo soma 1.053 propriedades do grupo Eras (Estabelecimentos Rurais Aprovados, o novo Sisbov), proprietários de 101 das quais manifestaram, até o último dia 15, o interesse em que as fazendas passem por vistoria do conselho estadual. O conselho é composto por quatro técnicos da Delegacia Federal de Agricultura do Mapa, em São Paulo, e por três técnicos da Secretaria de Agricultura do estado.
As reuniões do conselho ocorrem duas vezes por mês, conta Sampaio, de maneira a que as propriedades que estejam com tudo funcionando à risca, dependendo de quando for feita a vistoria, possam rapidamente estar inclusas na lista do Mapa a ser entregue aos europeus posteriormente. "O Mapa entrega uma nova listagem a cada final de mês", conta o secretário de São Paulo.
"A intenção é vistoriar vinte propriedades a cada semana. Qualquer produtor que tenha uma propriedade Eras pode solicitar a visita", acrescenta. A expectativa da Secretaria é de que o estado volte o quanto antes a ocupar o antigo status de maior exportador para a região, o que ocorria até antes do embargo, em 2005, por conta de foco de febre aftosa detectado no Centro-oeste do País. Na ocasião, a União Européia parou de importar carne bovina in natura do Brasil. No ano seguinte ao embargo, lembra Sampaio, muitos estados recuperaram a autorização para exportar, exceto São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. "O estado era considerado um corredor de exportações, comprava muito do Mato Grosso do Sul, então continuou impedido de fornecer carne aos europeus", lembra.
Na região paulista, não há registro de gado atingido pela febre aftosa há doze anos. O estado retomou o direito de exportar à Europa a partir do mês de julho deste ano, junto com o Paraná.

Mercado
A receita paulista resultante das exportações de alguns dos principais cortes nobres comprados pelos europeus era significativa. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o País exportou o equivalente a US$ 443,8 milhões desses determinados cortes em 2004, e a participação dos paulistas foi de US$ 297,4 milhões no montante. No ano seguinte, a receita do País com vendas dos mesmos cortes foi de US$ 569,2 milhões, e São Paulo respondeu por fatia de US$ 351,1 milhões. Os dados consideram os cortes mais importados pelo bloco entre janeiro e setembro. Em setembro de 2005 houve o embargo por conta do foco de aftosa, dizem consultores.
Para José Vicente Ferraz, diretor do Instituto AgraFNP, pode ser que haja inversão de tendências de preços tanto dos cortes nobres quanto da arroba do boi no mercado interno, se houver habilitação de número significativo de fazendas paulistas aptas a exportar à Europa outra vez. "Pode haver disputa entre os consumidores europeus e brasileiros, mas não acredito que o número seja significativo a curto prazo", diz. Número significativo para o País todo seria de mil fazendas habilitadas, na opinião do especialista, mas hoje a lista soma 159 em todo o Brasil, segundo o Mapa.



Fonte: DCI

Voltar