6/8/2008
Exportar boi vivo é opção de negócio

A exportação de animais vivos está em crescimento no País e, para os pecuaristas, esse nicho de mercado surge como uma opção a mais para negociar animais. "O rebanho brasileiro, principalmente de matrizes, está com o mercado saturado e a concorrência está muito forte. A venda de gado em pé para o mercado externo é uma alternativa para o produtor", diz o criador de nelore Udelson Nunes Franco, que possui fazendas em Campina Verde (MG) e em Redenção (PA).

Segundo o criador, o mercado quer um animal em "perfeitas condições". Entre os critérios adotados para a exportação de um boi para abate, por exemplo, o animal deve ter 18 arrobas (520 quilos) e não apresentar problemas nos cascos, nos chifres e no umbigo. "O animal não pode ter defeitos aparentes e não precisa ser, obrigatoriamente, castrado", comenta.

Franco, cujo rebanho é de 2.500 matrizes e cerca de 800 animais PO, conta que seu principal mercado, além da Venezuela, são países africanos, como Angola e Senegal. "Angola, por exemplo, está repovoando as pastagens, daí a demanda por animais de primeira linha para reprodução", explica. No ano passado, o criador enviou 180 matrizes para aquele país. "Na ocasião, tinha esse lote de matrizes para vender e um grupo de produtores angolanos fez a proposta mais interessante", diz o criador, destacando que, para exportar, é preciso contratar o serviço de uma empresa especializada em exportação e importação de gado em pé. O intermediário facilita o trabalho, pois já conhece o protocolo sanitário do país importador, diz Franco.

DEMANDA

No ano passado, o País exportou 431.837 animais vivos, ante 246.176 bois exportados em 2006 para abate e melhoria genética de rebanhos. Este ano, até junho, de acordo com dados do consórcio de exportação Brazilian Cattle Genetics (BCG), o Brasil já exportou 190.213 animais.

"O Brasil está sendo descoberto nesse mercado, principalmente por causa da demanda de países africanos por proteína animal", diz o diretor da trading especializada em exportação e importação de gado vivo e material genético, Alexandre de Castro Cunha Carvalho. Segundo Carvalho, a raça nelore, que representa 80% das exportações de gado em pé da empresa, tem como atrativos para o mercado consumidor a precocidade, a rusticidade e a facilidade de adaptação a países de clima tropical. No ano passado, a empresa exportou cerca de 50 mil animais, para cria e abate. Além de países africanos, Líbano e Venezuela foram os principais destinos. "É um mercado a mais para o criador."

O Frigorífico Minerva, que há cerca de dois anos exporta animais vivos, é considerado pioneiro nesse mercado. "O Brasil, pelo potencial e tamanho do rebanho, tem condições de ingressar nesse mercado, que movimenta US$ 2,5 bilhões", acredita o superintendente de Relações com investidores do frigorífico, Ronald Aitken. O Minerva exportou, em 2007, 165 mil animais para abate; em 2006 foram 49 mil cabeças, conforme Aitken. "O nelore representa quase a totalidade dos animais exportados, por ser a raça mais representativa no País e pelas características de resistência e boa adaptação em outros países", diz o superintendente do frigorífico, destacando que os principais mercados são Venezuela e Líbano.

Esta seção, que tem por objetivo fomentar a raça nelore, resulta de parceria entre o Suplemento Agrícola e a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB)



Fonte: Estadão

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